segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Mil mulheres em uma




Quando você me olha, o que você vê?

Sou mãe. Realizo-me a cada sorriso, cada chamado, cada descoberta, cada caminhar dos meus filhos. Sofro a cada frustração por eles vivida, a cada dificuldade que a vida lhes apresenta, a cada correção mais severa que tenha que dar, a cada tristeza estampada em seus olhinhos. Mas sei que isso faz parte da vida, então apenas estou por perto.

Sou esposa. Sinto prazer ao me completar no outro. Luto para fazer senti-lo completo, apoiando, dividindo sonhos, construindo castelos. Sinto ciúmes, cobro, mas sei que ninguém é de ninguém.

Sou filha. Honro meu pai e minha mãe pela pessoa que eles são, a história de suas vidas e sou grata por terem me colocado nesse mundo. Graças a eles, me tornei quem eu sou hoje. Valorizo cada noite mal dormida, cada surra, cada bronca, cada gesto de carinho (e são muitos, constantes). Agradeço por terem me ajudado a me tornam quem hoje sou.

Sou atleta. Vou pra academia de segunda a sexta e por lá fico as primeiras duas horas do meu dia, fazendo tudo que está ao meu alcance, pois sou dependente da endorfina liberada na atividade física, o vício do bem estar. Não sou marombeira, apenas disciplinada.

Sou administradora. Tomo conta da empresa que trabalho com dedicação e competência. Cometo erros, prova que sou humana, mas procuro ser leal e responsável em tudo que pego pra fazer. Fico de olhos bem abertos a tudo que acontece. Exijo resultados e me envolvo totalmente no processo.

Sou motorista. Sempre que necessário levo meus filhos, meus pais ou quem quer que seja onde precisarem. No trânsito, sou também costureira, pois não tenho paciência para esperar a lentidão dos carros à minha frente. Adoro dirigir, pegar estrada com o som alto, meu pé é pesado e vigio a minha velocidade, que tenta acompanhar a velocidade do meu pensamento, que viaja, voa.

Sou dona de casa. Há quem discorde, pois não é meu ponto mais forte. Tenho secretária do lar pra fazer os afazeres domésticos enquanto saio para trabalhar, mas sou eu que faço e aconteço lá dentro, não deixo faltar nada e arrumo tudo que é necessário. Eu administro, ensino como fazer. Lavo, arrumo e passo se for necessário. Só não cozinho.

Sou amiga. Reconheço quem são amigos, os que não são e os que se fazem de amigos. Mas independente do que vem de lá, de cá só ofereço bondade, respeito, dedicação e verdade que existe na amizade. Pra mim só importam as minhas atitudes, afinal só tenho controle sobre elas.

Sou fogo. Sinto por dentro um desejo que me consome, que ainda pode me queimar, mas que me faz um bem enorme, me dá gás e me faz sonhar. É um desejo reprimido que pode jorrar a qualquer momento ou ficar contido por toda a vida até poder, enfim, adormecer.

Sou água. Estou sempre buscando a transparência, vou caminhando pela correnteza da vida, tentando manter-me sempre limpa, clara, esperando o momento de um dia, quem sabe, chegar ao meu estado de repouso, numa baía de pescadores. Às vezes me transformo em gelo, para transpor dificuldades ou me impor perante os desalmados de plantão. Hoje ainda sou a água agitada do mar, disfarçada numa água represada, pronta pra estourar.

Sou terra. Carrego em mim a fertilidade de corpo e de mente, cultivo o bem por onde passo e colho a todo momento presentes divinos, resultados dos meus plantios. Escolho sempre as melhores sementes e procuro curar as ervas daninhas que em mim se infiltram.

Sou ar. Procuro estar sempre presente, porém sem ser notada. Também procuro ser leve e jamais me condensar. Não sei o meu tamanho, nem a direção pra onde vou. Só sei que sou uma brisa leve e também uma enorme tempestade, dependendo do estímulo.

Sou dama. Sei me postar numa mesa, num grupo, sem passar vergonha ou decepcionar. Conheço a base da etiqueta, entendendo sempre que “menos é mais”. Trato todos com educação, sei me vestir bem, mesmo sem uso de plumas e paetês. Esses deixo para momentos e pessoas especiais.

Sou madame. E madame chique, de salto alto. Por poucos momentos, mas tem imenso valor a minha hora de me cuidar, seja comprando uma roupa, um sapato, uma bolsa, uma jóia... seja indo ao salão fazer unha, cabelo, depilação... afinal, um pouco de vida fútil faz muito bem ao corpo e à alma de qualquer mulher.

Sou puta. Me dou para o meu homem por inteira, sem medos ou pudores. Nessa hora vale tudo e o desejo dele é o meu maior prazer. Faço e aconteço, mas sou também uma virgem de vontades reprimidas e curiosidades diversas, esperando me desvirginar.

Sou escorpião. A finalidade é a transmutação. Tenho em mim os mistérios mais profundos e vivo constantemente em busca de respostas. O prazer do oculto e do poder me fascina. Com percepção apurada e intuição aguçada vou observando a vida à minha volta. De personalidade forte de quem sabe o que quer, cuido de quem amo, mas também destilo meu veneno doce e mortal a quem merece.

Sou pensante. Minha cabeça gira veloz, num ritmo tão incansável que, às vezes, não acompanho. Formo minhas próprias opiniões e tomo minhas decisões, sabendo que todas terão suas conseqüências. Ninguém me enfia coisas goela abaixo. Procuro a razão nas coisas, embora esteja inundada de muita emoção.

Sou ouvinte. Sei escutar e entender o que o outro fala. Procuro ajudar analisando, porém sem julgamentos. Dou vazão quando percebo que é necessário um desabafo.

Sou falante. Até demais! E quem fala demais... dá ‘bom dia’ à cavalo. Isso também acontece. Falo o que penso, sem me importar com o julgamento alheio. Procuro sempre usar palavras amenas, porém sou franca, verdadeira, portanto, não economizo nem meço as palavras para defender a verdade dos fatos.

Sou Fernandes. Estabanada, curiosa, exagerada, orgulhosa, agressiva, batalhadora e carrego em mim um coração imenso, que transborda sentimentos. Dizem que os olhos são a janela da alma. Essa minha janela encontra-se no coração.

Sou fantasiosa. Fico criando situações na minha cabeça, imaginando como seria, sonhando com o dia que esse cenário se transforma em realidade. Minhas fantasias me provocam suspiro e ansiedade pela chegada de um futuro promissor.

Sou desatenta. Me esqueço de tudo o tempo todo. Só me foco em coisas que são da minha área de interesse. Jamais me atenho em detalhes. Vivo esquecendo nomes, histórias a mim contadas e momentos há pouco vividos.

Sou apaixonada. Sinto-me como uma namorada da vida. Meu coração dispara por qualquer raio de sol ou cantar de passarinhos. Choro por qualquer cena boba de filme ou novela. Ando pela vida, soltando coraçõezinhos ao vento. Amo uma história de vida, qualquer vida, e tiro sempre um aprendizado. Tenho paixão pelo ser humano, com todos os seus erros e virtudes.

Sou moleca. Adoro me sentir uma criança e procuro realçar minha pureza de espírito. Como muito doce, principalmente chocolate. Estou quase sempre com vestes de serelepe, de alma colorida e com uma boa pitada de manha e dengo.

Sou passado. Fico horas vagando pelo meu pensamento, buscando lembranças do passado, onde me refugio em meu tempo de infância e adolescente que tantos amigos me trouxeram, tantos aprendizados absorvidos.

Sou presente. Se algo te bate à porta, é pra ser enfrentado, de frente, com dignidade. Se é pra fazer, que seja logo. A fila anda e a vida é curta. Então vamos resolver o hoje porque o amanhã nos espera.

Sou futuro. Vislumbro o que vou viver pela frente. Sonho com castelos cor-de-rosa, mesmo sabendo que eles são apenas frutos da minha ingênua imaginação. Mas visualizo mesmo assim, afinal, a vida é o que a gente acredita e sonhos foram feitos para se tornar realidade.

Sou bem humorada. A grande graça da vida é poder rir dela. Poder deixar a coisa mais leve e descontraída, depende do bom humor. Então, sempre que posso, brinco, descontraio, critico, sempre com a intenção de tornar melhor os pequenos encontros ou momentos da vida.

Sou louca. Vou falando e fazendo sem me preocupar muito com o nexo das coisas e com o ‘achismo’ das pessoas. Como já dizia Raul Seixas: “Mais louco é quem me diz que não é feliz... eu sou feliz!” Ta aí! Isso é o que mais sou... Feliz!

Sou criativa. Sou do meu jeito, sem me espelhar em ninguém. Apenas fico focada no meu eu, moldando o ser humano que quero ser, em suas virtudes e seus vigores. Gosto de me reinventar e ser diferente a cada dia, me dando a oportunidade de me redescobrir. “Sou sempre eu mesma, mas nem sempre a mesma”.

Sou musical. Tenho todos os ritmos e estilos. Tenho como minhas diversas letras de músicas que se encaixam a mim, à minha vida, ao meu momento. Adoro música. Escuto o dia todo. Sou barulhenta como um rock’n roll, dramática como o lírico e gostosa como o lounge, bem baixinho, que nos tira pra dançar. Eu sou o som que você me dá. Sou a melodia, você é o maestro e a letra é a vida.

Sou comum. Vejo-me todos os dias, inúmeras vezes, em várias mulheres que, assim como eu, vão trilhando seu caminho, escrevendo sua história, se deliciando com os fatos e as pessoas, vivendo essa vida doida, porém deliciosa... mas vivendo com toda a intensidade que essa vida maluca, porém tão bela, merece.

2 comentários:

  1. E essa é você!!Mil vezes melhor que Bom Bril!!!kkkk...E o melhor é que posso ter o prazer de ter a sua amizade, a sua presença, a sua energia, super contangiante perto de mim.
    Amiga... vários Parabéns!!Pra cada uma destas mulheres que estão dentro dessa GRANDE mulher chamada Taiza Renata!
    Amo você!!
    Aline Fischer.

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  2. Querida Taiza,
    li o seu texto de aniversário e imediatamente me lembrei do seu stellium em escorpião na casa 12! Quanta vontade de transformação, hein!?!?
    Depois me manda seus dados pra eu fazer o seu mapa, com calma... Prometo que mando ainda esse ano, de presente de aniversário! hiiihhiihhihhih
    Parabéns!
    Beijão, Ju

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Status: Psicólogo

Ao psicólogo não é dado o martelo dos juízes, as prerrogativas dos promotores, nem o bisturi dos cirurgiões, somos pequenos clínicos ...