terça-feira, 3 de novembro de 2009

Conexão Paixão



Mês de novembro. O mês perfeito para falar de PAIXÃO. Quem escreve é uma mulher pra lá de apaixonada...

Um amigo fica pasmo comigo quando digo que preciso estar apaixonada para me sentir viva de verdade e minha vida poder ter sentido. Ele fala que isso é fraqueza da carne, apegos desnecessários, alma pequena. Eu sei disso e até concordo com ele. Mas eu necessito das minhas paixões, ora!!! O que posso fazer? Sou fraquinha mesmo. E tem sido assim a vida toda!

Minha primeira paixão foi um primo. Eu tinha 9 anos de idade, ainda criança, mas achava ele lindo com seu shortinho curto de nylon e camiseta cavada naquele corpo moreno e magrelo. Mas ele é lindo mesmo, até hoje. De verdade. Aliás, muito mais hoje que já não é mais tão magrelo e não usa mais aquele shortinho! Hoje eu o amo de paixão (como tenho costume de dizer, para dar maior vazão ao amor)! É meu compadre duas vezes e casou-se com uma pessoa linda que se tornou para mim uma irmã de alma. Mas, voltando ao passado, eu chegava na casa da minha tia, cumprimentava-o de longe, timidamente, e ficava aos suspiros depois. Até o dia que vazou a informação da minha paixão aos seus ouvidos e, na próxima visita à casa dele, ele me cumprimentou com três beijinhos. Acabou ali. (risos) Perdeu o encanto, sei lá!

É engraçado como vamos mudando ao longo da vida. Mas isso é tema pra outro texto, pois há muito para se dizer sobre o assunto.

Depois, lá pelos 12 anos, me apaixonei pelo filho de um amigo do meu pai, vizinho de fazenda. Ele era 4 anos mais velho que eu. Estudávamos na mesma escola, porém séries diferentes. Durante a semana nos encontrávamos todos os dias na escola. Eu sempre arrumava um pretexto pra ir à sala do meu irmão mais velho, pois ficava no mesmo corredor da sala dele. Nos finais de semana, na fazenda, ele e seus irmãos chegavam galopando, cada um em seu cavalo. O próprio Príncipe Encantado! E eu, claro, a princesa que esperava na janela. Esse a vida levou aos 17 anos de uma forma bastante traumática: baleado.

Aos 15/16 anos, comecei a me apaixonar pela vida, mas não tinha nenhum pretendente em vista. Minha paixão era sair com as amigas, fazer amigos, rodar por todos os barzinhos da cidade, afinal eu já dirigia e curtia a vida adoidado, e sonhar muito, claro, como uma boa adolescente. Eu adorava a pouca liberdade que meu pai me dava, por ciúme excessivo, e usufruía cada segundo dela.

De vez em quando aparecia um alguém, mas ninguém que me fizesse apaixonar de fato. Alguém me desse calafrios, me gelasse as mãos, mes esquentasse o sangue ou fizesse o coração bater mais acelerado. As histórias sim eram interessantes, apaixonantes. Rapazes com anos de namoro, “relacionamento sério”, apareciam do nada se dizendo apaixonados por mim. Pronto! Surgia ali a paixão pelo desafio. Eu achava muita cara de pau e pensava: “Vamos ver se esse ‘caboquin’ me merece mesmo”. Então, as histórias davam muito pano pra manga. Entre tantos beijos atiçados e negados, sempre surgia uma nova serenata e, muitas namoradas furiosas, claro. Mas, cada um com seus problemas, e elas definitivamente não eram problemas meus.

Além do mais, eu achava namorado um atraso de vida, ou na vida. Eu via minhas amigas namorando, abrindo mão das amigas, viravam outra pessoa para satisfazer as vontades dos namoradinhos. O bom mesmo era não ter ninguém (ou quase ninguém, afinal eu tinha meu pai e meus dois irmãos na cola) pra ficar ditando regras, dando ordens e você poder pegar o carro e sair com as amigas, sem lenço nem documento (literalmente).

Não fui apaixonada pelo meu primeiro namorado, que arrumei aos 16 anos. Mas eu achava, na época, que eu precisava namorar, afinal, as minhas amigas ficavam me cobrando porque eu ainda não tinha beijado na boca, naquela idade, enquanto elas começavam aos 11/12 anos. Eu era praticamente uma velha, cheia de teia de aranhas na boca. Eu tinha que reverter isso rapidamente. Aí, quando surgiu um carinha bacana, tocava um violãozinho pra mim, estudante de medicina, achei que podia ser uma boa, um bom partido e deixei acontecer. Durou 2 meses.

Ai que agonia! Não é que eu não sentisse nada por ele, sabe? Eu gostava dele, mas algumas coisas nele me irritavam demais. A primeira e imperdoável, era chegar lá em casa de bermuda e chinelo. Isso são trajes para visitar uma namorada que se preze? Quando saíamos e ele pedia suco de abacaxi numa casa de sucos, era a morte! Suco de abacaxi a gente toma em casa, né? Sem contar que, como excelente estudante de medicina que era, eu era a própria apostila de estudos na frente dele. Ele pegava na minha mão, acariciava e dizia: “Olha! Que legal! Suas digitais são do tipo tal, tal e tal.” Afff... Me poupe, né? Isso quando não ficava me pedindo pra andar de lá pra cá para observar a minha ossatura. Só comigo acontece essas coisas. Gente boa, mas nada a ver comigo.

Logo veio a grande paixão da minha vida. Moreno, alto, olhos verdes, todo cheio de lábia e eu, claro, caí na dele bonitinho. Ele era muito inconseqüente, galinha, ciumento e... lembra das meninas que falei acima? Aquelas que se transformavam em ameba por causa do namorado? Entrei na lista, claro. Ele morava em outra cidade, doente de ciúme, possessão em pessoa. Cada vez que ele ia embora, terminava comigo, por imaginar o que eu poderia fazer na ausência dele. Safado, cachorro, sem vergonha... E eu? Burra ao extremo, né? Comi o pão que o diabo amassou com o rabo, mas agradeço todos os dias por ele ter passado na minha vida. Ele me ensinou o que é ser mulher de verdade. Porque as coisas que ele fazia comigo e a forma como ele agia e me manipulava, me ensinaram a me valorizar e, a partir de então, ninguém mais me faz de gato e sapato. Só quando eu quero, claro.

Depois, veio o meu marido. O homem que idealizei uma vida inteira, aquele que marcava todos os ícones que meu pai dizia. Com o tempo, deixou de ser paixão e se transformou em amor. Mas esse é outro departamento. Agora o tema é só paixão.

E agora? Acabaram as paixões? Nunca! Eu ainda preciso me sentir apaixonada. Sempre. Seja por uma música, uma situação, uma idéia, um projeto, um sonho, um desejo íntimo, mas não disfarçado... sei lá! Qualquer coisa! É isso que me motiva, que dá sentido à minha vida.

Certa vez uma psicóloga me disse que paixão dura um ano, depois passa. Acho que sou uma louca de pedra, então. Vai ver eu me apaixone de ano em ano. Talvez, um dia, quem sabe, eu consiga evoluir o bastante para me ver livre das minhas paixões. Mas, por enquanto, na minha fraqueza, penso que minhas paixões são a minha fortaleza. Ainda necessito delas para dar à minha vida o colorido que tanto desejo.

2 comentários:

  1. Não importa... se é por alguem ou por alguma coisa... mas concordo com vc!!A vida tem outros ares quando se está apaixonado!
    Um beijo.

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  2. Amiga,essa psicóloga está equivocada!rsrsrsrs Eu AMO o Fredy (meu marido) e continuo APAIXONADA por ele, e olha que estamos há 20 anos juntos, por isso posso lhe dizer que eu sinto a paixão e o amor por ele. São sentimentos diferentes mas é maravilhoso poder sentí-los juntos por uma pessoa! beijão

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Status: Psicólogo

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