Há pouco tempo ouvi essa
expressão e achei muito engraçada. De tão óbvia, chega a ser
banal. Eu, como adoro as idiotices que a vida me apresenta, porque
sei que por detrás da idiotice vive uma certa liberdade de expressão
e também que tudo tem uma razão de ser (até as bobagens), costumo
usar com frequência agora.
O fato é que as coisas
ou situações e até mesmo pessoas, por mais que nos intriguem por
sua obscuridade, ainda podem ser piores.
As decepções são
frutos de nossas expectativas ilusórias e, quando nos frustramos,
quando o cenário imaginado não é como esperávamos, pensamos ser
ali o fundo do poço, a tela mais feia, a destruição mais perfeita.
Então, como forma de consolo, pensamos que poderia ser pior.
E sabe que poderia mesmo?
Cometemos o grande erro
de olhar para uma pessoa de forma carinhosa, respeitamos, acreditamos
que ela seja uma pessoa dentro dos padrões de conduta esperado,
aprendemos a gostar e, por mais que a própria pessoa nos dê
milhares de sinais de alerta mostrando que não é como pensamos,
insistimos em acreditar em nossas ilusões...
Muitas vezes, vivemos
situações que nos prendem, nos incomodam, nos sufocam e, mesmo
assim, achamos ser a situação ideal, seja porque nos prendemos aos
valores do senso comum, seja porque estamos sempre esperando
melhoras, mas continuamos a nos permitir situações inusitadas...
Quantos relacionamentos
são sonhados, imaginados, pintados com tinta cor de rosa, por mais
que não nos sintamos felizes, por mais que seja notória a presença
da infelicidade e exige um esforço imenso para que as pessoas ao
redor possam olhar tudo com os olhos do relacionamento que
esperamos...
Chega um momento que o
caldo entorna, que o saco enche e que é preciso dar o grito de
liberdade, tirar as amarras que nós mesmos impomos a nós próprios.
É preciso muita coragem para fazê-lo porque dói, dilacera e,
muitas vezes, sangra. E tudo se transforma em escuridão. Parece
então não haver mais nada, nem situação, nem pessoa, nem sentido.
De repente, o tempo vai
passando, a vida nos levando e, lá ao longe enxergamos uma pequena
luz. E como uma corda salvadora que nos é jogada no buraco escuro,
ouvimos e pensamos coisas do tipo: “poderia ser pior se...” e
damos uma desculpa.
A verdade é que sempre
pode ser pior. Algumas pessoas, por piores que se mostrem, podem se
muito piores; as situações, por mais que aflijam, podem ser
enlouquecedoras; os relacionamentos, por mais penosos, podem ser
fatais.
Mas a luz sempre existe,
só basta a coragem de enxergar a vida como ela realmente é.
Se aquela pessoa não é
do seu agrado, converse. Se continuar, se afaste por um tempo. Na
insistência da perversão, suma de vez. Ela nada há de somar para a
sua vida.
Se aquela situação não
muda, mude você e tudo em volta começa a se transformar também. Se
não for possível, existem milhares de situações muito melhores à
sua espera em outro lugar. Tá esperando o que pra tomar posse do que
te faz feliz?
Se um relacionamento está
defasado, converse. Se as coisas continuam piorando, lute por ele com
todas as suas forças. Mas, se nem assim, a coisa andar, seja grato
aos aprendizados e parta pra outra de cara limpa e coração vazio,
apto por ser preenchido novamente por alguém que mereça o seu amor
e dedicação.
E, acima de tudo,
respeite a lei da vida que nunca erra, nunca falha, nunca nos coloca
em lugares, situação ou contato com pessoas que não vão nos
ajudar de alguma forma. A vida é um constante aprendizado e tudo que
nos vem, vem por alguma razão melhor.
Então, sugiro uma outra
expressão que acabo de inventar, tão boba como a “pior seria se
pior fosse”, mas muito mais positiva e, portanto, prefiro muito
mais: “melhor será o que melhor já é”.
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