terça-feira, 17 de dezembro de 2019

Sobre ser mãe...



Filho não vem com Manual de Instrução. 
Ser mãe ultrapassa qualquer discurso, por isso pensei muito antes de escrever este texto.
A gente começa a sentir os efeitos emocionais da maternidade no momento em que descobrimos que há uma nova vida em nosso ventre. 
Desconheço palavras que possam traduzir todo o sentimento que brota no peito a partir desta descoberta. 
Ao longo dos meses, vamos vivendo a delícia e o pavor que, acreditem, crescem lado a lado como se unidos fossem por um fio tênue, igual ao que nos une a nossa cria ainda ali, segura dentro de nós. 
Dos enjôos, das viradas do feto no útero, dos desejos, das noites mal dormidas não guardamos lembranças. Em nossa memória, apenas a sensação fantástica de dar a luz, de olhar pela primeira vez para aquele rosto que acaba se tornando a razão de nosso viver.
Manuais existem aos montes... livros de especialistas, de nobres doutores, mas parem! Jamais um ser vivente conseguiu traduzir toda a beleza da maternidade. Só sabe quem vive. 
Quantas vezes não abrimos mão de nossos próprios sonhos para realizar o de um filho?
Quantas noites em claro passamos por causa de uma febre que insiste em o fazer sofrer?
Quantas vezes não rogamos a Deus que tire de nosso filho o sofrimento e passe para nós, mesmo sabendo que isso é impossível? 
Ao longo do caminho, é claro que vão acontecer atropelos e, aos olhos dos outros, talvez ajamos errado aqui e ali. Mas só nós – e somente nós que somos mães – sabemos que nosso fazer foi com a melhor das intenções. 
Continuando o caminhar, o vemos crescer e começar a colecionar suas próprias dores, que acabam também por nos machucar – e muito! 
Observamos suas escolhas, interferimos e atropelamos sem lembrar que cada um que chega neste mundo traz uma missão e precisa do aprendizado pessoal e intransferível. 
A dor do filho bate fundo na mãe, mas ao mesmo tempo ela precisa continuar viva, inteira, firme e seguindo para poder ajudar quando for possível, mas sem interferir na história que ele mesmo precisa escrever. 
Sou péssima nesta parte, confesso, e não raro atropelei, tomei para mim questões e problemas que não me diziam respeito e, assim, não ajudei. Ao contrário, atrapalhei. 
Com outras pessoas deve ter sido igual, e não é fácil admitir que somos capazes – mesmo por amor – de atrapalhar a vida de nossos filhos. 
O que conta, que ainda me consola, é saber que todos nós somos filhos de um mesmo Pai, que olha por cada um de seus filhos, que deles cuida na medida de sua necessidade e de seu merecimento. 
Filho não tem idade, não tem gênero. 
Filho é parte de nós, carrega em si nosso DNA e, com isso, ajuda a nos tornarmos eternos.
Filho é complicado, mas sem eles a vida perderia boa parte de sua graça. 
Filho não vem com manual de instrução e deve ser por isso que a gente pisa tanto na bola querendo acertar. 
Mas, apesar de..., sinto no meu íntimo que sou a melhor mãe do mundo! 
Eu sou, com todas as minhas limitações, meus erros e acertos. 
Você também é, acredite.


Desconheço a autoria.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Reencontrar amigos...


Reencontrar amigos significa localizar a nós mesmos.
É estar alinhado com uma porção de nós que existiu e se diluiu, mas necessita ser ativada de tempos em tempos. 
É reencontrar nosso referencial, o pedaço de nossa história a partir do qual tudo o mais virou mera comparação e entender que, se algum dia fomos tocados, essa relíquia permanece conosco. 
Requer coragem, pois implica deixar o instinto de autopreservação em casa e se arriscar.
A gente se reabastece. 
A sensação é mais ou menos como voltar à terra natal, rever a casa que morou na infância, esbarrar num grande amor ou provar uma receita de família.
Existe poesia no reencontro… 
Um encantamento sentido por aqueles que se deixaram cativar. 
Como um amigo querido que viajou 1600 km só para passar algumas horas conosco. Acredito que apesar do cansaço, voltou leve e certamente pôde agregar partes de si mesmo, sob o olhar generoso e cúmplice de cada um dos presentes.
Pois como dizia o poeta: “As coisas findas, muito mais que lindas, essas ficarão…



terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Ah... como gosto...



Gosto de gente com a cabeça no lugar, de conteúdo interno, idealismo nos olhos e dois pés no chão da realidade.
Gosto de gente que ri, chora, se emociona com um simples e-mail, um telefonema, uma canção suave, um bom filme, um bom livro, um gesto de carinho, um abraço, um afago.
Gente que ama e curte saudade, gosta de amigos, cultiva flores, ama os animais.
Admira paisagens, poeira e chuva.
Gente que tem tempo para sorrir bondade, semear perdão, repartir ternuras, compartilhar vivências e dar espaço para as emoções dentro de si, emoções que fluem naturalmente de dentro de seu ser!
Gente que gosta de fazer as coisas que gosta, sem fugir de compromissos difíceis e inadiáveis, por mais desgastantes que sejam.
Gente que colhe, orienta, se entende, aconselha, busca a verdade e quer sempre aprender, mesmo que seja de uma criança, de um pobre, de um analfabeto.
Gente de coração desarmado, em ódio e preconceitos baratos.
Com muito AMOR dentro de si.
Gente que erra e reconhece, cai e se levanta, apanha e assimila os golpes, tirando lições dos erros e fazendo redentoras suas lágrimas e sofrimentos.
Gosto muito de gente assim como VOCÊ...
e desconfio que é deste tipo de gente que DEUS também gosta!

segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

Felicidade é a soma de pequenas felicidades


FELICIDADE É A SOMA DE PEQUENAS FELICIDADES

Li essa frase num outdoor em Paris e soube, naquele momento, que meu conceito de felicidade tinha acabado de mudar. Eu já suspeitava que a felicidade com letras maiúsculas não existia, mas dava a ela o benefício da dúvida.

Afinal, desde que nos entendemos por gente aprendemos a sonhar com essa felicidade no superlativo. Mas ali, vendo aquele outdoor estrategicamente colocado no meio do meu caminho (que de certa forma coincidia com o meio da minha trajetória de vida), tive certeza de que a felicidade, ao contrário do que nos ensinaram os contos de fadas e os filmes de Hollywood, não é um estado mágico e duradouro.

Na vida real, o que existe é uma felicidade homeopática, distribuída em conta-gotas. Um pôr-de-sol aqui, um beijo ali, uma xícara de café recém-coado, um livro que a gente não consegue fechar, um homem que nos faz sonhar, uma amiga que nos faz rir... São situações e momentos que vamos empilhando com o cuidado e a delicadeza que merecem alegrias de pequeno e médio porte e até grandes (ainda que fugazes) alegrias.

Eu contabilizo tudo de bom que me aparece! Sou adepta da felicidade homeopática. Se o zíper daquele vestido que eu adoro volta a fechar (ufa!) ou se pego um congestionamento muito menor do que eu esperava, tenho consciência de que são momentos de felicidade e vivo cada segundo.

Alguns crescem esperando a felicidade com letras maiúsculas e na primeira pessoa do plural. Eu me imaginava sempre com um homem lindo do lado, dizendo que me amava e me levando pra lugares mágicos. Agora, se descobre que dá pra ser feliz no singular. Quando estou na estrada dirigindo e ouvindo as músicas que eu amo, é um momento de pura felicidade. Olho a paisagem, canto, sinto um bem-estar indescritível. 

Uma empresária que conheci recentemente me contou que estava falando e rindo sozinha quando o marido chegou em casa. Assustado, ele perguntou com quem ela estava conversando: 'Comigo mesma', respondeu. 'Adoro conversar com pessoas inteligentes'.
Criada para viver grandes momentos, grandes amores e aquela felicidade dos filmes, a empresária trocou os roteiros fantasiosos por prazeres mais simples e aprendeu duas lições básicas: que podemos viver momentos ótimos mesmo não estando acompanhadas e que não tem sentido esperar até que um fato mágico nos faça felizes.

Esperar para ser feliz, aliás, é um esporte que abandonei há tempos. E faz parte da minha 'dieta de felicidade' o uso moderadíssimo da palavra 'quando'. Aquela história de 'quando eu ganhar na Mega Sena', 'quando eu me casar', 'quando tiver filhos', 'quando meus filhos crescerem', 'quando eu tiver um emprego fabuloso' ou 'quando encontrar um homem que me mereça', tudo isso serve apenas para nos distrair e nos fazer esquecer da felicidade de hoje. 

Esperar o príncipe encantado, por exemplo, tem coisa mais sem sentido? Mesmo porque quase sempre os súditos são mais interessantes do que os príncipes. Ou você acha que a Camilla Parker-Bowles está mais bem servida do que a Victoria Beckham?

Como tantos já disseram tantas vezes, 'aproveitem o momento, amigos'. E quem for ruim de contas recorra à calculadora para ir somando as pequenas felicidades.

Podem até dizer que nos falta ambição, que essa soma de pequenas alegrias é uma operação matemática muito modesta para os nossos tempos. Que digam! Melhor ser minimamente feliz várias vezes por dia do que viver eternamente em compasso de espera.


Leila Ferreira, jornalista

terça-feira, 26 de novembro de 2019

Masculino e feminino - Animus e Anima



Quando o filho permanece na esfera da mãe, o feminino inunda a sua alma, impedindo-o de tomar a masculinidade de que vem de seu pai. 
E quando a filha permanece na esfera do pai, o masculino inunda sua alma, impedindo-a de tomar a feminilidade que vem de sua mãe. 
Carl Gustav Jung denominou o feminino presente na alma do homem de anima, e o masculino presente na alma da mulher de animus.
A anima se desenvolve mais fortemente quando o filho permanece na esfera da mãe. Curiosamente, porém, ele sente então menos compreensão e simpatia por outras mulheres, e tem menos sucesso com as mulheres e com os homens. 
E o animus se desenvolve com mais força quando a filha permanece na esfera do pai. Curiosamente, porém, ela sente então menos compreensão e simpatia por outros homens e tem menos sucesso com os homens e as mulheres.
A atuação da anima na alma do homem se mantém dentro de seus limites se ele passou cedo para a esfera do pai. Contudo, curiosamente, ele sente então mais simpatia e compreensão pelas características e pelos valores das mulheres. 
E a atuação do animus na alma da mulher se mantém dentro de seus limites se ela retornar cedo à esfera da mãe. Contudo, curiosamente, ela sente então mais simpatia e compreensão pelas características e pelos valores do homens.
Portanto, a anima resulta do fato de o filho não ter tomado o pai e o animus resulta de a filha não ter tomado a mãe.


Bert Hellinger 

quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Trago verdades...


Chorar não resolve, 
falar pouco é uma virtude, 
aprender a se colocar em primeiro lugar não é egoísmo 
e o que não mata com certeza fortalece. 
Às vezes mudar é preciso. 
Nem tudo vai ser como você quer... a vida continua.
Pra qualquer escolha se segue alguma conseqüência, 
vontades efêmeras não valem a pena, 
quem faz uma vez não faz duas necessariamente, mas quem faz dez, com certeza faz onze. 
Perdoar é nobre, esquecer é quase impossível. 
Nem todo mundo é tão legal assim, e de perto ninguém é normal. 
Quem te merece não te faz chorar... quem gosta cuida. 
O que está no passado tem motivos para não fazer parte do seu presente, 
não é preciso perder pra aprender a dar valor 
e os amigos ainda se contam nos dedos. 
Aos poucos você percebe o que vale a pena, o que se deve guardar pro resto da vida, e o que nunca deveria ter entrado nela. 
Não tem como esconder a verdade... nem tem como enterrar o passado.
O tempo sempre vai ser o melhor remédio, mas seus resultados nem sempre são imediatos. 
Não fique preocupado!
Você nunca sabe quem está se apaixonando pelo seu sorriso...


Desconheço a autoria.

segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Sobre meu jardim


Há alguns anos eu tomei uma atitude e mudei minha vida.

Antes... eu conheci o lugar mais escuro, frio e úmido. Eu transitei pelo que havia de mais imundo no mundo. Eu fui até ao buraco negro onde vivem os fantasmas raivosos. Eu conheci os gritos da dor da angústia, calada. Eu mergulhei sem saber nadar e perdi o fôlego entregue a uma quase morte. Eu estava quase desistindo, dilacerada...

Eu vi todas as cores na superfície da água. Um céu dançava e imitava um arco-íris molhado. Meus olhos ardiam de sal e minha respiração estava congelada. Minha alma enrugara tal qual meus sonhos, mas as nuvens desenhavam um chamado.

Rabisquei na mente a minha retomada. E pude visualizar que havia ainda algo a percorrer nesta existência e que era longa a estrada. Eu desisti das desistências e da necessidade de viver anestesiada. E a mesma dor que me lançou no abismo, me trouxe de volta, renovada.

Ergui bases mais sólidas, reconstruí meu novo olhar. Estive com todos os sentimentos desconsertados, esperando calmamente o seu lugar. O peito ainda ardia, mas a palavra em punho. Despejei minhas emoções tardias num choro infantil. E renasci como num parto de criança, inocente e pueril.

Hoje, meu rosto ainda mostra as cicatrizes. Fui tão intensa em tudo, vivi décadas infelizes. Deixei minha derrota para cuidar das minhas conquistas. A sombra assustada afastara-se com a luz. Por isso, hoje eu digo que tudo já deu certo. 

Plantei o meu jardim onde tudo era deserto.

quinta-feira, 7 de novembro de 2019

Sobre amizade



A amizade é indispensável para o bom funcionamento da memória e para a integridade do próprio eu. 
Chama os amigos de testemunhas do passado e diz que eles são nosso espelho, que através deles podemos nos olhar. 
Vai além... diz que toda amizade é uma aliança contra a adversidade, aliança sem a qual o ser humano ficaria desarmado contra seus inimigos. 
Verdade verdadeira! Amigos recentes custam a perceber essa aliança, não valorizam ainda o que está sendo construído. 
São amizades não testadas pelo tempo, não se sabe se enfrentarão com solidez as tempestades ou se serão varridos numa chuva de verão. Veremos...
Um amigo não racha apenas a gasolina... racha lembranças, crises de choro, experiências... Racha a culpa, racha segredos...
Um amigo não empresta apenas a prancha... Empresta o verbo, empresta o ombro, empresta o tempo, empresta o calor e a jaqueta...
Um amigo não recomenda apenas um disco... Recomenda cautela, recomenda um emprego, recomenda um país...
Um amigo não dá carona apenas pra festa. Te leva pro mundo dele... e topa conhecer o teu. 
Um amigo não passa, apenas cola. Passa contigo um aperto, passa junto o Réveillon. 
Um amigo não caminha apenas no shopping. Anda em silêncio na dor, entra contigo em campo, sai do fracasso ao teu lado. 
Um amigo não segura a barra, apenas. Segura a mão, a ausência, segura uma confissão, segura o tranco, o palavrão, segura o elevador. 
Duas dúzias de amigos assim ninguém tem. 
Se tiver um, amém.


Milan Kundera

terça-feira, 5 de novembro de 2019

Se for pra namorar...


Se for para namorar, que seja leve, que os corações sejam entregues um ao outro, que seja de verdade, quando for para ser, que seja amor, e não uma relação para suprir a carência por não saber ser sozinho.

Se for para namorar, que seja para respeitar a liberdade do outro e manter a própria, sabendo assim ser livre estando junto, compartilhando momentos e histórias.

Se for para namorar, que seja para rir muito, chorar pouco e dividir as emoções do dia-a-dia, demonstrar o que se sente um para o outro.

Se for para namorar, que seja também amizade porque nada melhor do que ser amigo do amor. 
Que não exista mentira, trapaça e que o tempo do amor seja o relógio da relação. 
Se for para namorar, que seja para crescer junto, aprender junto, melhorar junto. Que seja para fazer o bem e receber também.

Que seja energia pura, química, física, história, matemática, português. Sim. Português. Que em cada palavra do outro, leia-se amor nas entrelinhas e que o poema mais bonito já lido seja o sorriso se abrindo na hora do reencontro. 


Isabella Gonçalves

quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Aprendi...



Com o tempo aprendi algumas coisas...
Não sei tudo, mas já sei o suficiente para seguir adiante sem tanto medo. 
As experiências ensinam. 
O tempo passa e a vida vai te dando lições dia a dia.
Aprendi que confiança é a base de qualquer relacionamento, seja ele amoroso ou não. E que desconfiança demais é, na verdade, insegurança.
Aprendi que ciúmes é tempero e não se pode salgar a comida.
Aprendi que carinho nunca é demais e que a falta dele dói mais do que topada na quina da mesa.
Aprendi que possessividade é uma doença muito grave que pode matar relações e amizades.
Aprendi que os medos sempre existirão, mas que podemos transformá-los em desafios.
Aprendi que respeito é algo que se conquista e não pode ser comprado ou exigido.
Aprendi que sentimento não é brinquedo e que, bom ou ruim, não pode ser ignorado.
Aprendi que dizer “Não” é fundamental para a liberdade individual.
Aprendi que sentir saudade é bom, é a prova de algo bem vivido.
Aprendi que não existe colo melhor do que o de mãe.
Aprendi que dinheiro é importante, mas não é fundamental.
Aprendi que amizade, de verdade, vai além do tempo e dos erros cometidos.
Aprendi que as pessoas não têm preço e são únicas.
Aprendi que atitudes valem mais do que palavras.
Aprendi que mentira sempre aparece, leve o tempo que for.
Aprendi que os verdadeiros atraem os verdadeiros.
Aprendi que amor próprio é o alicerce da felicidade.
Aprendi que tomar água faz bem mesmo.
Aprendi que as broncas são merecidas quando vindas de pessoas que nos amam.
Aprendi que bebida e WhatsApp não combinam.
Aprendi que fugir nunca é a melhor saída.
Aprendi que os outros não são responsáveis pelas minhas escolhas.
Aprendi que viver do que se ama é a melhor maneira de ganhar dinheiro.
Aprendi que sexo é bom, mas com amor é melhor ainda.
Aprendi que ler é fundamental para a minha formação intelectual.
Aprendi que o amor, às vezes dói, mas que é o propósito da vida.
Aprendi que um relacionamento só dá certo quando o sentimento é maior que o orgulho.
Aprendi que a sinceridade deve vir sempre acompanhada do bom senso.
Aprendi muitas coisas, mas como ainda sou muito nova tenho muito o que aprender. 
O tempo vai me ensinando.... Vou errar, acertar e a lista vai crescer diariamente. 
Vou permanecer de olhos abertos para não perder ensinamento algum. 
Na vida vou tentar ser a melhor aluna!


Desconheço a autoria

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Agradecer...


Agradecer significa:
Tomar o que me é dado,
Segurá-lo com respeito nas mãos,
Acolhê-lo dentro de mim,
Em meu coração,
Até que percebo internamente:
Agora é uma parte de mim.

Agradecer é também:
Aplicar o que me foi dado
E se tornou uma parte de mim
Numa ação que permita a outros
Alcançar também
O que me enriqueceu

Só então o que me foi dado
Alcança sua plenitude.

Agradecer me torna grande, pois quando agradeço tomo algo de outros como um presente. Isso me enriquece, porque o recebo. Ao mesmo tempo, o que recebo agradecido não pode ser perdido por mim. O agradecimento me permite conservá-lo e aumentá-lo. Ele atua como o sol e a chuva morna atuam sobre uma planta jovem. Ela floresce.

O agradecimento une e faz com que nossos relacionamentos floresçam pois, de bom grado, se dá a quem agradece. Por seu lado, quem recebe agradecido torna-se interiormente aberto e não pode deixar de dar e passar adiante o que recebeu com gratidão. Assim, o agradecimento nos torna felizes e enriquece a ambos. 

Quem agradece, honra o que lhe foi dado e, simultaneamente, honra aqueles que lhe presentearam. Assim, o agradecimento engrandece a todos: a mim, a dádiva e ao doador.


Bert Hellinger

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Vamos conversar...



Hoje eu não quero conversas vestidas de uniforme. Diálogos impecavelmente arrumados que não deixam o coração à mostra. As palavras podem sair de casa sem maquiagem. Podem surgir com os cabelos desalinhados, livres de roupas que as apertem, como se tivessem acabado de acordar. Dispensa-se tons acadêmicos, defesas de tese, regras para impressionar o interlocutor. O único requinte deve ser o sentimento. É desnecessário tentar entender qualquer coisa. Tentar solucionar qualquer problema. Buscar salvamento para o quer que seja.

Hoje eu não quero falar sobre o quanto o mundo está doente. Sobre como está difícil a gente viver. Sobre as milhares de coisas que causam câncer. Sobre as previsões de catástrofes que vão dizimar a humanidade. Sobre o quanto o ser humano pode ser também perverso, corrupto, tirano e outras feiúras. Sobre os detalhes das ações violentas noticiadas nos jornais. Não quero o blablablá encharcado de negatividade que grande parte das vezes não faz outra coisa além de nos encher de mais medo. Não quero falar sobre a hipocrisia que prevalece, sob vários disfarces, em tantos lugares. Hoje, não. Hoje, não dá. Não me interessam o disse-que-disse, os julgamentos, a investigação psicológica da vida alheia, os achismos sobre as motivações que fazem as pessoas agirem assim ou assado, o dedo na ferida.

Hoje eu não quero aquelas conversas contraídas pelo receio de não se ter assunto. A aflição de não se saber o que fazer se ele, de repente, acabar. O esforço de se falar qualquer coisa para que a nossa quietude não seja interpretada como indiferença. Hoje eu não quero aquelas conversas que muitas vezes acontecem somente para preenchermos o tempo. Para tentarmos calar a boca do silêncio. Para fugirmos da ameaça de entrar em contato com um monte de coisas que o nosso coração tem pra dizer. Além do necessário, hoje não quero falar só por falar nem ouvir só por ouvir. Que a fala e a escuta possam ser um encontro. Um passeio que se faz junto. Um tempo em que uma vida se mostra para a outra, com total relaxamento, sem se preocupar se aquilo que é mostrado agrada ou não. Se aumenta ou diminui os índices de audiência. 

Hoje, se quiser, se puder, se souber, me fala de você. Da essência vestida com essa roupa de gente com a qual você se apresenta. Fala dos seus amores, tanto faz se estão perto do seu corpo ou somente do seu coração. Fala sobre as coisas que costumam fazer você sintonizar a frequência do seu riso mais gostoso. Fala sobre os sonhos que mantêm o frescor, por mais antigos que sejam. Fala a partir daquilo em você que não desaprendeu o caminho das delícias. Do pedaço de doçura que não foi maculado. Da porção amorosa que saiu ilesa à própria indelicadeza e à alheia. A partir daquilo em você que continuou a acreditar na ternura, a se encantar e a se desprevenir, apesar de tantos apesares. Conta sobre as receitas que lhe dão água na boca. Sobre o que gosta de fazer para se divertir. Conta se você reza antes de adormecer.

Hoje, me fala de você. Dos momentos em que a vida lhe doeu tanto que você achou que não iria aguentar. Fala das músicas que compõem a sua trilha sonora. Dos poemas que você poderia ter escrito, de tanto que traduzem a sua alma. Senta perto de mim e mesmo que estejamos rodeados por buzinas, gente apressada, perigos iminentes, faz de conta que a gente está conversando no quintal de casa, descascando uma laranja, os pés descalços, sem nenhum compromisso chato à nossa espera. A gente já brincou tanto de faz-de-conta quando era criança, onde foi que a gente esqueceu como se chega a esse lugar de inocência? Fala da lua que você admirou outra noite dessas, no céu. Da borboleta que lhe chamou à atenção por tanta beleza, abraçada a alguma flor, como se existisse apenas aquele abraço. Diz se quando você acorda ainda ouve passarinhos, mesmo que não possa identificar de onde vem o canto. Diz se a sua mãe cantava para fazer você dormir.

Senta perto e me conta o que você sentiu quando viu o mar pela primeira vez e o que sente quando olha pra ele, tantas vezes depois. Se tinha jardim na casa da sua infância, me diz que flores riam por lá. Conta há quanto tempo não vê uma joaninha. Se tinha algum apelido na escola. Se consegue se imaginar bem velhinho. Fala da sua família, a de origem ou a que formou. Das pessoas que não têm o seu sobrenome, mas são familiares pra sua alma. Fala de quem passou pela sua vida e nem sabe o quanto foi importante. Daqueles que sabem e você nem consegue dizer o tamanho que têm de verdade. Fala daquele animal de estimação que deitava junto aos seus pés, solidário, quando você estava triste. Diz o que vai ser bacana encontrar quando, bem lá na frente, olhar para o caminho que fez no mundo, em retrospectiva.

Podemos falar abobrinhas, desde que sejam temperadas com riso, esse tempero que faz tanto bem. A gente pode rir dos tombos que você levou na rua e daqueles que levou na vida, dos quais a gente somente consegue rir muito depois, quando consegue. A gente pode rir das suas maluquices românticas. Das maiores encrencas que já arrumou. Das ciladas que armaram para você e, antes de entender que eram ciladas, chegou até a agradecer por elas. De quando descobriu como são feitos os bebês. A gente pode rir dos cárceres onde se prendeu e levou um tempo imenso pra descobrir que as chaves estavam com você o tempo todo. Das vezes em que se sentiu completamente nu diante de um Maracanã, tamanha vergonha, como se todos os olhos do mundo estivessem voltados na sua direção. Das mentiras que contou e acreditaram com facilidade. Das verdades que disse e ninguém levou a sério.

Não precisa ter pauta, seguir roteiro, deixa a conversa acontecer de improviso, uma lembrança puxando a outra pela mão, mas conta de você e deixa eu lhe contar de mim. Dessas coisas. De outras parecidas. Ouve também com os olhos. Escuta o que eu digo quando nem digo nada: a boca é o que menos fala no corpo. Não antecipe as minhas palavras. Não se impaciente com o meu tempo de dizer. Não me pergunte coisas que vão fazer a minha razão se arrumar toda para responder. Uma conversa sem vaidade, ninguém quer saber qual história é a mais feliz ou a mais desditosa.

Hoje eu quero conversar com um amigo pra falar também sobre as coisas bacanas da vida. As miudezas dela. A grandeza dela. A roda-gigante que ela é, mesmo quando a gente vive como se estivesse convencido de que ela é trem-fantasma o tempo inteiro. Um amigo pra falar de coisas sensíveis. Do quanto o ser humano pode ser também bondoso, honesto, afetuoso, divertido e outras belezas. Dos lugares onde nossos olhos já pousaram e daqueles onde pousam agora. Um amigo para conversar horas adentro, com leveza, de coisas muito simples, como a gente já fez mais amiúde e parece ter desaprendido como faz. Um amigo para se conversar com o coração.

E se não quisermos, não pudermos, não soubermos, com palavras, nos dizer um pouco um para o outro, senta ao meu lado assim mesmo. Deixa os nossos olhos se encontrarem vez ou outra até nascer aquele sorriso bom que acontece quando a vida da gente se sente olhada com amor. Senta apenas ao meu lado e deixa o meu silêncio conversar com o seu. Às vezes, a gente nem precisa mesmo de palavras.



Texto de Ana Jácomo

terça-feira, 22 de outubro de 2019

A Vida


A vida decepciona-o para você parar de viver com ilusões e ver a realidade.
A vida destrói todo o supérfluo até que reste somente o importante. 
A vida não te deixa em paz, para que deixe de culpar-se e aceite tudo como é.
A vida vai retirar o que você tem, até você parar de reclamar e começar agradecer.
A vida envia pessoas conflitantes para te curar, pra você deixar de olhar para fora e começar a refletir o que você é por dentro. 
A vida permite que você caia de novo e de novo, até que você decida aprender a lição.
A vida lhe tira do caminho e lhe apresenta encruzilhadas, até que você pare de querer controlar tudo e flua como um rio.
A vida coloca seus inimigos na estrada, até que você pare de “reagir”.
A vida te assusta e assustará quantas vezes for necessário, até que você perca o medo e recupere sua fé.
A vida tira o seu amor verdadeiro, ele não concede ou permite, até que você pare de tentar comprá-lo.
A vida lhe distância das pessoas que você ama, até entender que não somos esse corpo, mas a alma que ele contém.
A vida ri de você muitas e muitas vezes, até você parar de levar tudo tão a sério e rir de si mesmo.
A vida quebra você em tantas partes quantas forem necessárias para a luz penetrar em ti.
A vida confronta você com rebeldes, até que você pare de tentar controlar.
A vida repete a mesma mensagem, se for preciso com gritos e tapas, até você finalmente ouvir.
A vida envia raios e tempestades, para acordá-lo.
A vida o humilha e por vezes o derrota de novo e de novo até que você decida deixar seu ego morrer.
A vida lhe nega bens e grandeza até que pare de querer bens e grandeza e comece a servir.
A vida corta suas asas e poda suas raízes, até que não precise de asas nem raízes, mas apenas desapareça nas formas e seu ser voe.
A vida lhe nega milagres, até que entenda que tudo é um milagre.
A vida encurta seu tempo, para você se apressar em aprender a viver.
A vida te ridiculariza até você se tornar nada, ninguém, para então tornar-se tudo.
A vida não te dá o que você quer, mas o que você precisa para evoluir.
A vida te machuca e te atormenta até que você solte seus caprichos e birras e aprecie a respiração.
A vida te esconde tesouros até que você aprenda a sair para a vida e buscá-los.
A vida te nega Deus, até você vê-lo em todos e em tudo.
A vida te acorda, te poda, te quebra, te desaponta… Mas creia, isso é para que seu melhor se manifeste… até que só o AMOR permaneça em ti.


Bert Hellinger

segunda-feira, 21 de outubro de 2019

De onde venho


Eu venho de lá, onde o bem é maior. 
De onde a maldade seca, não brota. 
De onde é sol, mesmo em dia de chuva e a chuva chega como benção. 
Lá sempre tem uma asa, um abrigo para proteger do vento e das tempestades. 
Eu venho de um lugar que tem cheiro de mato, água de rio logo ali e passarinho em todas as estações. 
Eu venho de um lugar em que se divide o pão, 
se divide a dor e se multiplica o amor. 
Eu venho de um lugar onde quem parte 
fica para sempre, porque só deixou boas lembranças. 
Eu venho de um lugar onde criança é anjo, jovem é esperança e os mais velhos são confiança e sabedoria. 
Eu venho de um lugar onde irmão é laço de amor e amigo é sempre abraço. 
Onde o lar acolhe para sempre, como o coração de mãe. 
Eu venho de um lugar que é luz mesmo em noite escura. 
Que é paz, fé e carinho.
Eu venho de lá e não estou sozinho. 
SOU CATADOR DE LINDEZAS, sobrevivo de encantamento, me alimento do que é bom, do bem. 
Procuro bonitezas e bem-querer, sobrevivo do que tem clareza e só busco o que aprendi a gostar. 
Não esqueço de onde venho e vou sempre querer voltar. 
Meu lugar se sustenta do bem que encontro pelo caminho, junto a maços de alfazema e alecrim. 
Assim, sou como passarinho carregando a bagagem de bondade, catando gravetos de cheiro, para esquentar e sustentar o ninho... 
Talvez a vida tenha feito você acreditar que este lugar não existe. 
Te digo: tem sim, é fácil encontrar. 
Silencie, respire, desarme-se, perceba, é pertinho. 
Este lugar que pulsa amor é dentro da gente, 
é essência, está em cada um de nós. Basta a gente buscar.


Desconheço a autoria

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Tapete



Acho estranho quando me perguntam como eu dou conta de tudo. 
A resposta é simples, sem graça.
Eu não dou. Não dou mesmo.
Seleciono prioridades, foco no que dá, varro o resto para debaixo do tapete. 
No dia seguinte levanto a beiradinha do tapete, retiro umas coisas, escondo outras.
Se hoje as crianças foram dormir sem escovar os dentes, amanhã isso será prioridade.
Se hoje o jantar foi o chinês "okesoboro", amanhã um almoço fresquinho é a missão número um.
Meu tapete nunca fica vazio.
Nunca.
Aliás, tem dias que entulho tanta coisa lá debaixo, que derruba o que tiver em cima. Brigo com o mundo, choro um pouquinho, me sinto a mais desequilibrada das mulheres, espero pelo dia seguinte.
Mas há manhãs em que acordo cheia de amor próprio. Dou risada deste auê todo. Ignoro o tapete já pau a pau com o Monte Everest, e vou bela e formosa (cansada e de piranha no cabelo) tomar um banho demorado.
Algumas tardes viro a revolucionária do tapete. Brota no corpo uma energia que sabe-se lá da onde veio (provavelmente do brigadeiro de colher que comi escondido 3 noites atrás). E lá vou eu disposta a colocar tudo em dia. E não é que eu quase consigo? Se não fosse pelo quase...
E é assim. 
Frustrante, alegre, desesperador, feliz.
Um eterno varre, esconde, esvazia.
Não se deixe enganar, tem sempre um tapete.
Na casa de algumas ele fica mais visível, logo na sala. Já outras preferem usar o do corredor. Mas ele está lá. Tem que estar. Se não a gente enlouquece.
Por trás destas imagens, existe uma mãe comum. De carne, osso, querendo emagrecer no mínimo 3kgs, e jurando que amanhã não irá esquecer de cortar as unhas das crianças.
Com dias bons pra caramba, no estilo: "A vida é bela, poderia ter 7 filhos, viver numa casinha de sapê, e ser feliz para sempre"
E com dias de "quem sou, onde estou, quem são estas pessoas?"
O denominador comum é o amor, que quando colocado na balança quebra o ponteiro. 
Vira o jogo. Não dá nem chance.
O coração é invadido por gratidão.
E com lágrimas nos olhos agradecemos por tudo. 
Até mesmo pelo tapete GG!

quarta-feira, 16 de outubro de 2019

É assim que gosto de você


Eu gosto de você como se gosta do domingo para acordar bem tarde, espreguiçar na cama e lembrar que não há nada de obrigações nas as próximas horas.
Gosto de você, como se gosta de brigadeiro de colher, de sorvete com cobertura exagerada em dia de sol escaldante, de um banho sem pressa no final da tarde após um dia produtivo, de pipoca amanteigada vendida na esquina pelo simpático senhor. 
Gosto de você como se gosta de tardes de outonos com calçadas cheias de folhas fazendo barulho bonito embaixo de nossos pés. 
Gosto de você como se gosta da brisa que passa pelos cabelo, desalinhando fio por fio.
Gosto de você exatamente como se gosta de noites com lua redondinha iluminando a terra. 
Gosto da mesma forma que gosto do campo florido na primavera. Gosto sim. 
Eu gosto de você como gosto do pão quentinho e o aroma do café coado na hora. 
Gosto de você com a mesma sensação que tenho ao subir a montanha mais alta e olhar o horizonte azul celeste. 
Gosto de você com o mesmo sabor de fruta roubada do pé, de tardes na pracinha olhando as crianças brincarem. 
Gosto do mesmo jeito que gosto de uma tarefa cumprida, um sonho realizado, um brinde generoso na sexta-feira.
Gosto de você do mesmo jeito que gosto de um caderno novinho, um passeio de bicicleta, um sapato que confortável, uma cama aconchegante, um segredo ao pé do ouvido, uma mesa bem posta. Gosto de você como gosto de pizza, vinho e croissant. Nem combina muito, mas gosto. 
Gosto demais de você da mesma forma que gosto de olhar a noite silenciosa da varanda, do cabelo molhado cheirando a shampoo, da blusa colorida, da combinação chuva e música na vitrola. 
Gosto de você do mesmo jeito que gosto de um olhar cheio de vontade que me desnuda, da conversa descompromissada, do riso fácil, das fantasias inusitadas. 
Sim, eu gosto de você como gosto das palavras que emocionam, das chegadas inesperadas, do sorriso cativante, do colo que conforta. 
Gosto de você da mesma forma que gosto do Tom e Jerry, da esperteza do Garfield, da simplicidade do Manoel de Barros e da arte de Tarsila do Amaral. 
Gosto de você, com som de flauta, piano e o violão dedilhando uma canção. 
E gosto muito mais que nem daria para descrever. 
E como estou com o dedo cansado de tanto escrever, vou deixar para outra horinha qualquer continuar essa história bonita de gostar, porque gostar de você me consome em felicidade.

Status: Psicólogo

Ao psicólogo não é dado o martelo dos juízes, as prerrogativas dos promotores, nem o bisturi dos cirurgiões, somos pequenos clínicos ...