domingo, 29 de novembro de 2009

Cazuza - by Taiza Renata



Voltou a circular na internet um texto (reproduzido abaixo) de uma psicóloga completamente chocada pela “idolatria” que se faz ao Cazuza no filme da vida dele. E, claro, assim como o filme, cheio de sensacionalismos (afinal é a emoção que move o mundo), o e-mail vem com uma chamada assim:

“Este é um e-mail que não pode ficar calado. Estou fazendo a minha parte pelos jovens e por meus filhos. E você? Esse cidadão dizia “meus heróis morreram de overdose” e era aplaudido.” E ao fim: “Não compactue com isso! Faça sua parte e divulgue. Passe adiante”.

Particularmente, concordo em muitas partes com esta psicóloga. Acho sim que devemos sempre que preciso dizer NÃO aos nossos filhos, ensiná-los o grande prejuízo das drogas, bebidas, o respeito por si mesmo e pelo outro, além de tantas outras coisas que cabem dentro de uma educação sadia. Essa que não existe fórmula, apenas algumas vivências através dos séculos que podemos observar que deram mais certo que errado. Mas seguindo o coração de mãe, aquele amor verdadeiro, porém exigente, já se tem meio caminho andado.

Achei bastante exagerado a abordagem feita ao filme porque a intenção era retratar aquele menino, mimado sim, drogado também, meio maluco, inconseqüente, contar um pouco da vida dessa pessoa que, apesar de sua vida difícil (ou fácil demais), se tornou uma celebridade, por sua música, por seu dom de compor, por sua arte, a qual tinha como dom.

Eu assisti o filme e, ao contrário, quero mostrar ao meu filho que está entrando na adolescência, esse filme que tanto ensina, que tanto educa. Porque educar não é mostrar um castelo cor-de-rosa, dizer o que é assim e o que é assado, mas mostrar no dia-a-dia, que toda ação tem uma reação, que o que ele plantar, vai colher, seja bom ou ruim e que eu, como mãe, só posso mostrar, porque o caminho quem vai escolher é ele.

Não penso que criar filhos é evitar o contato com o mal que existe no mundo. Assisti uma palestra sobre drogas uma vez, na qual o palestrante dizia que o maior erro dos pais é dizer que a droga é ruim. Se um dia seu filho a experimentar, você será o grande mentiroso e desmerecedor de crédito. Droga não é ruim. Droga é ótimo, maravilhoso, dá um barato pra lá de bom. O que você tem que dizer é o que vem depois desse estado ilusório, de alucinação. Mostrar o grande engano que é. E o filme retrata isso muito bem.

Não acho nem que seja uma questão de idolatria, até porque o mercado cinematográfico está com as prateleiras lotadas de biografias, uma mais bonita que a outra. Acho que é mesmo a intenção de mostrar a vida, a história de pessoas que fizeram histórias, mostraram sua arte, deixaram sua marca. Cazuza, Vinícius de Morais, Elvis Presley, Ray Charles... e tantos outros.

Não vou negar que a grande maioria delas, se não todas, são regadas a muitos vícios e maus exemplos. Bem vindos à vida real! Mas por que não abrirmos os olhos, não nos assustarmos com a beleza de suas vidas, com o lado bom que eles deixaram, com a música que eles deixaram. Essas sim, são imortais. Essas sim merecem nossa atenção, nosso assunto, nosso tempo.

Então, pessoas, deixemos de lado esse puritanismo que nunca nos levou a canto nenhum. Deixemos de lado esses julgamentos que não levam a nada, muito menos melhoram nossas próprias vidas. Comecemos a nos voltar para o belo, atrair coisas boas, valorizar o que presta, de fato.

Talvez, assim, teremos filhos mais felizes, verdadeiros formadores de suas próprias vidas, viventes de uma sociedade menos hipócrita, mais verdadeira, os quais serão bem resolvidos, independentes do cenário em que vivem ou do cenário mundial.

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