quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Homossexualidade


Tenho uma amiga passando por um momento muito delicado em sua vida, pois o filho está querendo assumir sua homossexualidade. Nem preciso dizer que ela está em estado de choque, sem saber o que fazer.

Então ela me procurou pra conversarmos sobre o assunto, alegando que tenho a cabeça mais aberta e, de repente, posso dar a orientação que ela precisa nesse momento. Quanta responsabilidade, heim? Ainda mais pra mim que nunca passei por nada parecido na vida.

De qualquer forma, jamais deixaria uma amiga desolada. Não dei soluções, não julguei, não critiquei, até porque só a gente sabe o que é melhor pra gente. Além do mais, ando numa fase da vida tão enojada com nossa sociedade e os valores que ela nos tem imposto, que talvez eu tivesse mesmo a luz que ela precisava.

Apesar de ser totalmente heterossexual, não tenho o menor preconceito em relação à homossexualidade. Inclusive conheço e sou amiga de pessoas gays. E... posso dizer??? São pessoas excepcionais, com cabeça livre, maior amplitude de visão do ser humano e cheias de tantas outras virtudes.

E se fosse comigo? E se fosse em minha casa? Foram essas as perguntas que fiz, antes de responder aos anseios dessa minha amiga. Tentei me colocar na pele dela, antes de mais nada.

Na pele de mãe, acho que a única coisa que penso é na felicidade do meu filho. Qualquer ser humano pra ser feliz precisa assumir quem ele é, gostar do que é (auto estima), conhecer suas potencialidades e diferenças, reconhecer-se no meio e definir-se. Uma pessoa perdida em relação a si mesma vive insegura e infeliz.

Então, pra fazer o papel de mãe bem feito, é preciso orientar e apoiar a escolha do seu filho. Estar com ele quando a sociedade lhe apontar o dedo, colocá-lo no colo, tentar mostrar os prós e contras do caminho escolhido e, acima de tudo, respeitá-lo.

Sei que queremos o melhor pros nossos filhos. Almejamos uma vida dentro da normalidade, dentro dos padrões sociais, achando ser o melhor. Porém, venhamos e convenhamos, esses padrões estão bastante ultrapassados, cheios de dogmas, trazendo dores e infelicidades a tantos, baseados num suposto belo que só existe na nata pois, por baixo, o leite está tão podre que fede.

O que seria o melhor? O melhor pra quem?

Nada mais certo do que respeitar o normal de cada um, sem muitas regras a serem seguidas, sem muitos sofrimentos, sem preconceitos, sem conceitos mal formados.

A turma religiosa vai achar isso tudo que estou escrevendo um verdadeiro absurdo. A esses, digo que comecem hoje a pedir a Deus pra livrar essa passagem dentro de seus lares, se quiserem manter o pensamento atual. Ou então, estejam preparados para deserdar um filho.

O que dizer então dos inúmeros homens casados que vivem fazendo festinha com várias mulheres ao mesmo tempo? Seria mais digno, mais limpo ou mais aceitável?

A sexualidade é de cada um. Cada um, seja homo, hetero ou bi, sabe o que lhe dá prazer, o que lhe faz bem, o que não lhe agride. Geralmente é constatada em momentos muito íntimos, dentro de quatro paredes. O grande problema, em qualquer dos grupos, é querer induzir outras pessoas a serem iguais.

Escolhas existem para serem feitas. Religião, time... por que não a sexualidade?

Sendo algo que não vai fazer mal à saúde ou mal a alguém, tudo que pedi a ela é que respeite essa opção de seu filho e que seja amorosa, sendo apoio quando precisar, porque serão muitos os percalços que ele vai enfrentar a partir do momento em que se assumir e, nesse momento, tudo que ele vai precisar é de um bom, caloroso e confiável colo.

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