Ainda na década de 60, Emmanuel e Francisco Cândido Xavier apresentaram o seguinte depoimento sobre o Carnaval:
"Nenhum espírito equilibrado em face de bom senso, que deve presidir a existência das criaturas, pode fazer a apologia da loucura generalizada que adormece as consciências nas festas carnavalescas.
É lamentável que, na época atual, quando os conhecimentos novos felicitam a mentalidade humana, fornecendo-lhe a chave maravilhosa dos seus elevados destinos, descerrando-lhes as belezas e os objetivos sagrados da vida, se verifiquem excessos dessa natureza entre as sociedades que se pavoneiam com os títulos de civilização.
Enquanto os trabalhos e as dores abençoadas, geralmente incompreendidos pelos homens, lhes burilam o caráter os sentimentos, prodigalizando-lhes os benefícios inapreciáveis do progresso espiritual, a lenciosidade desses dias prejudiciais opera nas almas indecisas e necessitadas de amparo moral dos outros espíritos mais esclarcidos, a revivescência de animalidade ue só os longos aprendizados fazem desaparecer.
Há nesses momentos de indisciplina sentimental o largo acesso das forças da treva nos corações e, às vezes, toda uma existência não basta para ralizar os reparos preciosos de insânia e de esquecimento do dever.
Enquanto há miseráveis que estendem as mão súplices, cheios de necessidade e de fome, sobram as fartas contribuições para que os salões se enfeitem e se intensifique o olvido de obrigações sagradas por parte de almas cuja evolução depende do cumprimento autero dos deveres sociais e divinos.
Ação altamente meritória seria de empregar todas as verbas consumidas em semelhantes festejos na assistência social aos necessitados de pão e de carinho.
Ao lado dos mascarados da pseudoalegria, passam os doentes, os leprosos, os cegos, as crianças abandonadas, as mães aflitas e sofredoras.
Por que protelar essa ação necessária das forças conjuntas dos que se preocupam com os problemas nobres da vida, a fim de que se transforme o súperfluo na migalha abençoada de assitência material e de conforto moral que será a esperança dos que choram e sofrem?
Que os valorosos irmãos compreendam semelhantes objetivos de nossas despretenciosas opiniões, colaborando conosco, dentro de suas possibilidades, no sentido de que possamos reconstruir e edificar os costumes para o bem de todas as almas.
É incontestável que a sociedade pode, com o seu livre abítrio coletivo, exibir superfuidades e luxos nababescos, mas, enquanto houver um mendigo abandonado junto ao seu fastigio e de sua grandeza, ela só poderá fornecer com isso um eloquente atestado de sua miséria moral".
Fonte: Diário da Manhã
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