segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Um dia por vez - 27/01/11 - Criatividade


Hoje me surpreendi com uma cena que me despertou o quanto é importante para o ser humano ser criativo e original. Se “o mundo é dos experts”, tenho certeza que os experts são os mais criativos.

Estava eu carregando meu carro com as compras de supermercado quando, de repente, ouço uma música muito alta, dessas que a gente escuta de carro de som e a letra era muito chamativa, por ser tão divertida. Era um tipo de forró nordestino que dizia pra pessoa ir tomar no ... . Isso mesmo! Desse nível.

Olhei em volta e nada vi, mas percebi que o som ia se aproximando. Perguntei para o homem que me ajudava, já rindo da letra da música, de onde vinha aquela pérola, quando ele me aponta para um carrinho de catador de papel.

Então, ele me contou a história dele, disse que era meio louco da cabeça (se ele não me dissesse, eu não teria percebido), que todo mundo o ajudava ali nas redondezas porque é uma pessoa boa. Adora seus animais: a égua que puxa seu carrinho e o seu cachorro companheiro. Contou-me que é melhor mexer com ele do que com os bichos, se não, quem vira bicho é ele.

O carro dele é no formato original de todos os carros de catadores de papel: uma carrocinha, com algumas grades de ferro em volta para assentar toda a papelada e, na frente, a barra onde a pessoa puxa o carrinho. O dele tem, na frente, quase uma boléia de caminhão na frente, coberto, com banquinho almofadado. Atrás, parte do carrinho é cheia daquelas caixas de som e a outra parte para os papéis.

Achei aquilo tudo o máximo, claro. Achei muito criativo, chamativo e engraçado.

Mais tarde, recebo um e-mail com uma música que está fazendo o maior sucesso no nordeste. Um primo que chegou do Piauí a pouco tempo tentou cantá-la pra mim num churrasco, indignado porque eu não conhecia a tal música, afinal, já era um sucesso total. Tanto, que até saiu uma reportagem no Fantástico no último domingo a respeito.

A cena do catador de papel não tenho como compartilhar, mas a música eu posso. É só acessar esse link: http://www.youtube.com/watch?v=euTxXL4MQTU . A coisa é tão criativa que prega na gente. Você ouve uma única vez e ela não sai da sua cabeça pelo resto do dia. É igual pequi ou jingle político. Eu, particularmente, não gosto nem de uma coisa, nem de outra, mas gosto não se discute.

No fim do dia fiquei pensando o que esse catador de papel não faria numa empresa de publicidade, por exemplo. Fiquei me perguntando por que ele não usa aquela inteligência ali desperdiçada pra melhorar de vida. Constatei também que não basta ser criativo, é preciso ter sorte ou feeling.

Seja lá como for, é bom poder ter alguém pra nos fazer rir num dia qualquer. E, por mais que a intenção não seja a de crescer na vida ou se superar todos os dias, se for a de fazer alguém feliz, nem que seja por um só momento, sua obra já terá valido a pena.

Um comentário:

Status: Psicólogo

Ao psicólogo não é dado o martelo dos juízes, as prerrogativas dos promotores, nem o bisturi dos cirurgiões, somos pequenos clínicos ...