Você é a saudade que sente da sua mãe, o sonho desfeito quase no altar, a infância que você recorda, a dor de não ter dado certo, de não ter falado na hora.
Você é aquilo que foi amputado no passado, a emoção de um trecho de livro, a cena de rua que lhe arrancou lágrimas.
Você é o que você chora.
Você é o abraço inesperado, a força dada para o amigo que precisa, você é as palavras ditas para ajudar, os gritos destrancados da garganta, os pedaços que junta.
Você é o orgasmo, a gargalhada, o beijo.
Você é a raiva de não ter alcançado, a impotência de não conseguir mudar.
Você é o desprezo pelo o que os outros mentem, o desapontamento com o governo, o ódio que tudo isso dá.
Você é aquele que rema, que cansado não desiste.
Você é a indignação com o lixo jogado do carro.
Você não é só o que come e o que veste.
Você é o que você requer, recruta, rabisca, traga, goza e lê.
Você é o que ninguém vê.
(Texto de Martha Medeiros)
Nenhum comentário:
Postar um comentário