Filho não vem com Manual de Instrução.
Ser mãe ultrapassa qualquer discurso, por isso pensei muito antes de escrever este texto.
A gente começa a sentir os efeitos emocionais da maternidade no momento em que descobrimos que há uma nova vida em nosso ventre.
Desconheço palavras que possam traduzir todo o sentimento que brota no peito a partir desta descoberta.
Ao longo dos meses, vamos vivendo a delícia e o pavor que, acreditem, crescem lado a lado como se unidos fossem por um fio tênue, igual ao que nos une a nossa cria ainda ali, segura dentro de nós.
Dos enjôos, das viradas do feto no útero, dos desejos, das noites mal dormidas não guardamos lembranças. Em nossa memória, apenas a sensação fantástica de dar a luz, de olhar pela primeira vez para aquele rosto que acaba se tornando a razão de nosso viver.
Manuais existem aos montes... livros de especialistas, de nobres doutores, mas parem! Jamais um ser vivente conseguiu traduzir toda a beleza da maternidade. Só sabe quem vive.
Quantas vezes não abrimos mão de nossos próprios sonhos para realizar o de um filho?
Quantas noites em claro passamos por causa de uma febre que insiste em o fazer sofrer?
Quantas vezes não rogamos a Deus que tire de nosso filho o sofrimento e passe para nós, mesmo sabendo que isso é impossível?
Ao longo do caminho, é claro que vão acontecer atropelos e, aos olhos dos outros, talvez ajamos errado aqui e ali. Mas só nós – e somente nós que somos mães – sabemos que nosso fazer foi com a melhor das intenções.
Continuando o caminhar, o vemos crescer e começar a colecionar suas próprias dores, que acabam também por nos machucar – e muito!
Observamos suas escolhas, interferimos e atropelamos sem lembrar que cada um que chega neste mundo traz uma missão e precisa do aprendizado pessoal e intransferível.
A dor do filho bate fundo na mãe, mas ao mesmo tempo ela precisa continuar viva, inteira, firme e seguindo para poder ajudar quando for possível, mas sem interferir na história que ele mesmo precisa escrever.
Sou péssima nesta parte, confesso, e não raro atropelei, tomei para mim questões e problemas que não me diziam respeito e, assim, não ajudei. Ao contrário, atrapalhei.
Com outras pessoas deve ter sido igual, e não é fácil admitir que somos capazes – mesmo por amor – de atrapalhar a vida de nossos filhos.
O que conta, que ainda me consola, é saber que todos nós somos filhos de um mesmo Pai, que olha por cada um de seus filhos, que deles cuida na medida de sua necessidade e de seu merecimento.
Filho não tem idade, não tem gênero.
Filho é parte de nós, carrega em si nosso DNA e, com isso, ajuda a nos tornarmos eternos.
Filho é complicado, mas sem eles a vida perderia boa parte de sua graça.
Filho não vem com manual de instrução e deve ser por isso que a gente pisa tanto na bola querendo acertar.
Mas, apesar de..., sinto no meu íntimo que sou a melhor mãe do mundo!
Eu sou, com todas as minhas limitações, meus erros e acertos.
Você também é, acredite.
Desconheço a autoria.