quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Sonhos não levam a lugar nenhum





É bem provável que você não concorde com o que este título diz, e ainda pense sê-lo absurdo. É fato que muitos vivem como se isso não fosse uma verdade. Aí está o problema, e é por isso que escrevo sobre este tema. Não fique pensando que sou um pessimista, alguém que não acredita na vida, que não tem esperança, que acha que não temos o direito de sonhar. ABSOLUTAMENTE NÃO! Sou um entusiasta do futuro, da alegria, do amor ao outro, da vida. Mas também sou um guerreiro incansável contra a tirania do mundo moderno que tenta nos vender mentiras absurdas, horizontes inalcançáveis, excelentes apenas em títulos de livros ou temas de palestras. Algumas são axiomas tão esdrúxulos quanto: o sucesso é ser feliz; tudo vai dar certo; realize todos os seus sonhos; você quer, você pode. MENTIRA!!! A tristeza faz parte da vida dos campeões, nem tudo dá certo, sonhos se frustram, e não podemos todas as coisas. Sim, sou um sonhador, mas sou realista, e não utópico. 



Sonhadores realistas não alimentam seus sonhos com devaneios. Sonhadores realistas não inserem bocejos do tipo “Ah, como eu gostaria...” em seus pensamentos. Eles sentam e pensam sobre seus planos; a sós, ou conversam com outros envolvidos nos mesmos. Definem datas, caminhos, condições, recursos. Assim, transformam sonhos em planos. AFINAL, SONHOS NÃO NOS LEVAM A LUGAR ALGUM. Sonhos são devaneios imaginativos de nossas mentes, meras aspirações da alma. São absolutamente necessários, mas também inconseqüentes. São necessários porque sonhos são o começo, mas se não forem nutridos, não se realizam, não geram fins. Somente quando sentamos e começamos a traçar planos, aí sim, damos passos conseqüentes na direção de suas realizações. 

E saiba: planos se alimentam de pequenos passos. Um após o outro, disciplinadamente, dentro de uma cadência e curso pré-definidos. Mas nesse curso, existem variáveis incontroláveis, imponderáveis, fora de nosso alcance prever e dominar. Ah, se você não sabia, a vida tem um grande componente de imprevisibilidade. Hoje mesmo estava lembrando de uma amiga, com a qual conversei, há não mais que cinco meses, sobre seus planos profissionais. Ela estava cheia de sonhos de trabalho, e muitas dúvidas. Expectativas, mas também algumas certezas. Na ocasião, traçamos planos, analisamos cenários, definimos caminhos e horizontes. E hoje, como ela está? Bem, super-feliz, realizando-se, em outra atividade afim à qual conversamos, mas em um local e função totalmente diferentes da que prevemos em toda a nossa conversa. Ela simplesmente não hesitou em matar todos os seus sonhos anteriores, e aproveitar a nova oportunidade que surgiu. Você pode até dizer que ela não estava determinada, que o sonho dela não era uma obsessão, que ela não tinha fibra suficiente para levar seu sonho ao fim. OK! Digamos que isso tudo fosse verdade. Mas quem levantaria a mão para acusá-la que a decisão que tomou em abdicar de seus sonhos foi errada? Quem garante que agora ela não está cheia de novos sonhos, construídos com base na nova vivência, na nova experiência? Quem lhe acusaria de, agora, não estar crescendo, cheia de esperança e feliz? Por favor, a vida é um estado mutante. Diga-me, com sinceridade: você é feliz? Se respondeu sim, vá para a próxima pergunta: você é o que planejou ser há cinco anos atrás? Provavelmente não! E então? 

Então, não podemos viver sem sonhos. Não construí-los é parar de deixar de acreditar em si mesmo, de deixar de imaginar-se no futuro, de fechar pactos com a própria existência. Mas tão certo como isso tudo é que, também, ninguém conseguirá realizar todos os seus sonhos. Principalmente quando eles envolvem outros. Você até pode estar absolutamente comprometido, mas se o outro assim não estiver, nada feito. Sonho no chão, no limbo. Mas isso é o sonho. Você não precisa ir junto com ele. Ele morre, você não. 

Deixar-se abater pelo sonho não realizado, é deixar de acreditar que a vida se renova. Que novos atores podem surgir em sua vida. Que novos sonhos podem ser construídos. Que você será alguém diferente amanhã. E que isso depende do que fizer hoje. Assim, se estiver diante de uma situação na qual você se depara com a impossibilidade da concretização do sonho, simplesmente mate-o. Nada de se afogar em lamentações. Chore, tudo bem! Mas acredite: Você ainda vive. É lógico que você jamais poderá responder à pergunta: e se ele tivesse se realizado. Entenda: você não é produto do “E SE!”. Você, hoje, é produto do “FOI”. Agora mesmo, alguma coisa está indo, morrendo, passando. E no mesmo instante, pelo exato fato de que você está vivo, algo novo está nascendo, criando-se. É o ato da vida. Celebre-a! Simplesmente, VIVA! Construa sonhos, transforme-os em planos, mate-os, realize-os, transforme-os, refaça-os. Mas, pelo amor de Deus, “PARE DE PARAR”, só porque o sonho não se realizou. Novos sonhos nascem sobre as cinzas dos antigos. É a vida. Ande, caminhe, prossiga, sonhando, planejando, morrendo, renascendo. E acredite: sonhos acabam. Mas novos nascem. Basta você estar vivo, acreditando no presente, olhando para o futuro, deixando para trás o que para trás deve ficar, como disse o apóstolo Paulo, em Filipenses 3: “...esquecendo-me das coisas que para trás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo...” 

Lembre-se: para sonhar um sonho novo, basta estar vivo. E você, está? 

(Texto de Paulo Angelim)

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