quarta-feira, 14 de julho de 2010

Menininha ou mulherão?


Ontem fui pra casa mais tarde porque fiquei respondendo um e-mail de alguém que dizia estar pensando no meu jeito de ser. Claro que eu me empolguei e acabei respondendo um jornal, porque não sei escrever pouquinho. Costumo dizer que falo demais, porém sou melhor pra escrever do que pra falar. Aí, já viu, né?

Fazendo uma análise em cima da análise dele, fiquei pensando nessa história: como as pessoas me vêem e quem sou eu, de fato?

Devo ser uma mulher de presença, porque o que mais escuto dizer é que sou um mulherão. Talvez porque eu seja alta, gorda, espalhafatosa, brincalhona, extrovertida. Não tem como não ser notada e, muitas vezes julgada. Mas não me importo! O mais importante pra mim é jamais perder minha essência, que acredito ser boa, apesar de ter muito a melhorar.

Isso tudo é só aparência. A não ser na forma como enfrento as realidades da vida. Sou mesmo mulher que arregaça as mangas e parte por ataque, gente que resolve logo o que tem que ser resolvido e nunca foge. Por ser uma pessoa intensa e imediatista, quando as coisas caem na minha mão para serem resolvidas, eu faço, custe o que custar. Tem um ditado que diz que “Deus dá o frio conforme o cobertor”, então encaro a vida de frente, me esforçando pra superar os obstáculos que a vida me apresenta, afinal, se veio pra mim, é porque dou conta do recado. Não tenho a menor dúvida disso.

Acho que nesse ponto, o real da vida, posso me considerar sim um mulherão, porque abraço o mundo com o corpo todo. Estou sempre pronta a ajudar, a ser útil, procuro ser dinâmica, despachada e não sou muito de julgamentos. Me trabalho sempre pra não julgar e não ligo muito para o que os outros venham a pensar de mim. Por essas e outras vivo repetindo que sou uma espécie de homem.

Sim, porque na nossa sociedade, a mulher tem que ser doce, delicada, recatada, falar pouco, ser feminina. Isso não combina muito comigo. Meu sistema é bem bruto. Tenho dentro de mim uma força que desconheço de onde vem e que agradeço por tê-la, porque reconheço que isso é um dom que poucas pessoas têm. Esse meu lado, muitas vezes, assusta os outros, daí jogam isso em cima do meu signo – Escorpião. O triste é que esse signo tem uma fama de ser ruim que dói.

Não posso negar. O meu lado Escorpião é escorpianíssimo. É que sou boa demais, mas ruim, eu sou melhor ainda. Então, quem me conhece, me respeita. Eu acabo me impondo simplesmente por ser escorpionina. Fácil, né? Basta dizer que sou. Até gosto disso. Representa um poder que, no fundo, eu não tenho. Mas, só o fato de terem cuidado comigo, já é bom.

A grande verdade é que sou uma eterna menina, como já citei num texto meu chamado “Síndrome de Poliana”. Sou uma criança, frágil, que quer colo, que vê a vida com um colorido cintilante, que agradece pelo azul do céu ou pela luz do sol, que vive arrumando motivos pra se apaixonar, que ama a vida incondicionalmente, que sonha muito, que faz o seu próprio mundinho, mesmo que esse seja um “faz-de-conta” e, dessa forma, vai encontrando a felicidade nas coisas mais simples.

Sou uma pessoa alegre sim. E tenho raiva dos dias em que me sinto deprimida, então prefiro me isolar, porque ninguém me merece de mau humor. Fico arrumando motivos que me façam feliz o tempo todo. Quando a vida real não permite, lembro do passado, sonho com o futuro, tiro os pés desse mundo chato e vôo pra bem longe e bem alto. Será isso uma psicopatia, uma doença? Se for, quero morrer assim, porque isso não causa mal a ninguém, pelo contrário.

E assim, eu vou levando a vida. Essa que as pessoas enquadram no tal “mundo cão”, por ser tão difícil, pesada e amarga. Acho que eu procuro não ver esse lado ruim e acreditar que a vida é boa, leve, gostosa, feita pra ser saboreada, sentida, curtida a todo momento da melhor maneira possível.

Oscilando entre a menininha e o mulherão, vou fazendo minha história, traçando meu caminho, marcando algumas vidas, trazendo outras vidas para a minha vida e vivendo, ou buscando viver, sempre muito feliz.

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