quinta-feira, 15 de julho de 2010

Happy Hour


Há uns dois anos, ou pouco mais, tenho tido a experiência super agradável de sair do trabalho e me reunir com pessoas que gosto, com o único intuito de falar besteira e rir à vontade. Claro que isso não acontece todos os dias, pois minha vida de esposa e mãe de três filhos ficaria incompleta.

Durante toda a vida assisti homens fazerem isso, quase diariamente. Aquele famoso “chopp com os amigos” ao fim do dia, sempre fazia alvoroço entre a mulherada, principalmente às casadas, achando que era um motivo de seu amado sair de casa e aprontar algumas Diziam que estavam na farra.

Farra pra mim sempre soou mal. Dá um ar de coisa descontrolada, irresponsável, inconseqüente. Seguindo os “achismos” alheios sempre fui contra, até o dia que resolvi experimentar. E adorei!

Comecei com um grupo de amigas de pouco tempo (uns 8 anos), mas muito amigas, bem próximas. Uma divorciada e mãe de dois filhos, outras duas solteiras e um amigo de 20 anos, o qual convidei para fazer parte da turma. Nos reuníamos uma vez por semana, às terças-feiras. No início, era um pacto de amizade, ninguém podia faltar. Mas, com o tempo, foi chegando mais gente, amigos dos amigos e aí perdeu um tanto do sentido desse happy hour.

Sendo uma hora de ficarmos à vontade entre amigos, não acho conveniente estar sentada com estranhos e falar as minhas bobagens (que são muitas e costumam gerar estranheza). Na presença de outras pessoas, ninguém ficava mais tão à vontade. Então, restringimos um tanto o grupo, para o bem geral da nação e continuamos a fazer nós quatro, sem meu amigo homem, que muitas vezes se escandalizava.

Esse momento também amadurece bastante. Entendemos que as pessoas gostam, assim como nós, de estar participando de um momento assim. Então, vez ou outra, levamos alguém que comungue dos mesmos pensamentos para se juntar a nós. Não é nenhum movimento fechado, mas também não dá pra abrir demais, porque se não vira bagunça.

Logo apareceu um grupo bem familiar, liderado por uma amiga casada, mãe de dois filhos. Uma grande amiga minha fazia parte desse grupo e me convidou a participar. Reunimos todas às sextas-feiras e o grupo era composto de maridos, esposas e filhos. Cada vez em um lugar e, sendo na casa de alguém, cada um levava alguma coisa. Esse costuma ficar suspenso nas férias, pois a grande maioria costuma viajar. Então, quando dá, nos reunimos sem o grupo todo presente.

Agora apareceu um outro grupo. Esse de amigas de 20 anos, todas casadas e mães, mas só  mulheres. Nos reunimos sempre no mesmo lugar às quartas-feiras, sobre a supervisão do marido da minha amiga, pois eles são donos do local. Enquanto a mulher dele se diverte conosco, ele trabalha e nos vigia. Tanto melhor, assim ficamos mais contidas. Detalhe: sempre que falta alguém, ligamos e todos falam com a pessoa. A coitada do outro lado da linha fica morrendo de vontade de estar ali, mas no fundo, ela está, seja em pensamento ou no coração.

Aí fico pensando como é bom estar entre amigos, pessoas que amamos, que podemos compartilhar a vida sem medo e nos sentirmos amadas. No meio de pessoas que confiamos, damos muita gargalhada, falamos muita besteira e nos divertimos. É um momento de “terapia da abobrinha”, como diz um grande amigo meu. Nada melhor que falar abobrinha durante horas!

O mais legal é que não precisamos de bebida alcoólica para que a coisa aconteça. Alguns dias, nos arriscamos, mas daí é sempre uma lástima, porque é cada coisa que sai, que parece só existir nossa mesa no ambiente. Todas riem ao mesmo tempo, todas cochichamos nossas besteiras e as pessoas em volta, apesar de estarem em outra mesa, querem saber o que estamos falando e o que está acontecendo de tão engraçado. Até os garçons fazem ronda na nossa mesa. Geralmente somos atendidas por uns quatro, cada um tentando tirar um pouquinho daquele momento.

Assim, a vida vai se fazendo... de horas felizes, de estar entre amigos, de compartilhar momentos, de lembrar o passado, de dividir o presente e sonhar o futuro. Palavras carinhosas misturadas com o riso escancarado, confidências (as mais íntimas) misturadas com um bom conselho e troca de experiências, devaneios que se misturam com a realidade.

São essas pequenas coisas, esses singelos minutos que dão motivação para dias mais felizes, cheios de amor e amizade e o sentido verdadeiro de que a vida sempre vale à pena.

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