segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Status: Psicólogo





Ao psicólogo não é dado o martelo dos juízes, as prerrogativas dos promotores, nem o bisturi dos cirurgiões, somos pequenos clínicos da alma, engenheiros de manutenção da psique, pequenos o bastante para não sermos protagonistas nem julgadores da vida alheia.

Somos guardiões das maiores capacidades humanas, muitas vezes escondidas por transtornos dos mais diversos. 

Nosso trabalho é de longo prazo.

Ser psicólogo não é um status profissional, é uma constante descoberta de si mesmo e do outro, de tantos outros. Não é um lugar ao qual chegamos, mas um caminho pelo qual trilhamos, de estudos e descobertas constantes. É poder visitar diariamente universos diferentes, maravilhando-se sempre com a novidade das infinitas possibilidades humanas. 

Ser psicólogo não é passar o dia ouvindo problemas, mas sim presenciar o desbravamento de caminhos inimagináveis e poder contemplar o sorriso depois das lágrimas. É vislumbrar a mais verdadeira e honesta expressão da pessoa humana em busca de sentido, em busca de si mesma. É poder ver o sucesso da vida sobre a morte e apesar dela. 

Ser psicólogo é permanecer-se aberto ao novo e singular de cada pessoa, é ser capaz de ter muitas convicções e a principal delas é a de que sempre haverá algo de muito novo e de muito precioso a se aprender a cada encontro, a cada dia. 

Ser psicólogo é poder caminhar pelos vales escuros onde ninguém quer ir e convidar os que por lá se perderam a desfrutar a alegria dos dias ensolarados.


Desconheço a autoria

terça-feira, 7 de janeiro de 2020

Não renuncie à felicidade


Você pode ter defeitos, ser ansioso, e viver alguma vez irritado, mas não esqueça que a sua vida é a maior empresa do mundo. Só você pode impedir que vá em declínio. 
Muitos lhe apreciam, lhe admiram e o amam. 
Gostaria que lembrasse que ser feliz não é ter um céu sem tempestade, uma estrada sem acidentes, trabalho sem cansaço, relações sem decepções. 
Ser feliz é achar a força no perdão, esperança nas batalhas, segurança no palco do medo, amor na discórdia. 
Ser feliz não é só apreciar o sorriso, mas também refletir sobre a tristeza. Não é só celebrar os sucessos, mas aprender lições dos fracassos. Não é só sentir-se feliz com os aplausos, mas ser feliz no anonimato. 
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver a vida, apesar de todos os desafios, incompreensões, períodos de crise. 
Ser feliz não é uma fatalidade do destino, mas uma conquista para aqueles que conseguem viajar para dentro de si mesmo. 
Ser feliz é parar de sentir-se vitima dos problemas e se tornar autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas conseguir achar um oásis no fundo da nossa alma. É agradecer a Deus por cada manhã, pelo milagre da vida. 
Ser feliz, não é ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si. É ter coragem de ouvir um “não”. É sentir-se seguro ao receber uma crítica, mesmo que injusta. 
É beijar os filhos, mimar os pais, viver momentos poéticos com amigos, mesmo quando nos magoam. 
Ser feliz é deixar viver a criatura que vive em cada um de nós, livre, alegre e simples. 
E ter maturidade para poder dizer: “errei”. É ter a coragem de dizer: “perdão”. É ter a sensibilidade para dizer: “eu preciso de você”. É ter a capacidade de dizer: “te amo”. 
Que a tua vida se torne um jardim de oportunidades para ser feliz... 
Que nas suas primaveras seja amante da alegria. 
Que nos seus invernos seja amante da sabedoria. E que quando errar, recomece  tudo do início. Pois somente assim será apaixonado pela vida. 
Descobrirá que ser feliz não é ter uma vida perfeita. Mas usar as lágrimas para irrigar a tolerância. Utilizar as perdas para treinar a paciência. Usar os erros para esculpir a serenidade. Utilizar a dor para lapidar o prazer. Utilizar os obstáculos para abrir janelas de inteligência. 
Nunca desista... Nunca renuncie às pessoas que o amam. 
Nunca renuncie  à felicidade, pois a vida é um espetáculo incrível.


Desconheço a autoria

terça-feira, 17 de dezembro de 2019

Sobre ser mãe...



Filho não vem com Manual de Instrução. 
Ser mãe ultrapassa qualquer discurso, por isso pensei muito antes de escrever este texto.
A gente começa a sentir os efeitos emocionais da maternidade no momento em que descobrimos que há uma nova vida em nosso ventre. 
Desconheço palavras que possam traduzir todo o sentimento que brota no peito a partir desta descoberta. 
Ao longo dos meses, vamos vivendo a delícia e o pavor que, acreditem, crescem lado a lado como se unidos fossem por um fio tênue, igual ao que nos une a nossa cria ainda ali, segura dentro de nós. 
Dos enjôos, das viradas do feto no útero, dos desejos, das noites mal dormidas não guardamos lembranças. Em nossa memória, apenas a sensação fantástica de dar a luz, de olhar pela primeira vez para aquele rosto que acaba se tornando a razão de nosso viver.
Manuais existem aos montes... livros de especialistas, de nobres doutores, mas parem! Jamais um ser vivente conseguiu traduzir toda a beleza da maternidade. Só sabe quem vive. 
Quantas vezes não abrimos mão de nossos próprios sonhos para realizar o de um filho?
Quantas noites em claro passamos por causa de uma febre que insiste em o fazer sofrer?
Quantas vezes não rogamos a Deus que tire de nosso filho o sofrimento e passe para nós, mesmo sabendo que isso é impossível? 
Ao longo do caminho, é claro que vão acontecer atropelos e, aos olhos dos outros, talvez ajamos errado aqui e ali. Mas só nós – e somente nós que somos mães – sabemos que nosso fazer foi com a melhor das intenções. 
Continuando o caminhar, o vemos crescer e começar a colecionar suas próprias dores, que acabam também por nos machucar – e muito! 
Observamos suas escolhas, interferimos e atropelamos sem lembrar que cada um que chega neste mundo traz uma missão e precisa do aprendizado pessoal e intransferível. 
A dor do filho bate fundo na mãe, mas ao mesmo tempo ela precisa continuar viva, inteira, firme e seguindo para poder ajudar quando for possível, mas sem interferir na história que ele mesmo precisa escrever. 
Sou péssima nesta parte, confesso, e não raro atropelei, tomei para mim questões e problemas que não me diziam respeito e, assim, não ajudei. Ao contrário, atrapalhei. 
Com outras pessoas deve ter sido igual, e não é fácil admitir que somos capazes – mesmo por amor – de atrapalhar a vida de nossos filhos. 
O que conta, que ainda me consola, é saber que todos nós somos filhos de um mesmo Pai, que olha por cada um de seus filhos, que deles cuida na medida de sua necessidade e de seu merecimento. 
Filho não tem idade, não tem gênero. 
Filho é parte de nós, carrega em si nosso DNA e, com isso, ajuda a nos tornarmos eternos.
Filho é complicado, mas sem eles a vida perderia boa parte de sua graça. 
Filho não vem com manual de instrução e deve ser por isso que a gente pisa tanto na bola querendo acertar. 
Mas, apesar de..., sinto no meu íntimo que sou a melhor mãe do mundo! 
Eu sou, com todas as minhas limitações, meus erros e acertos. 
Você também é, acredite.


Desconheço a autoria.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Reencontrar amigos...


Reencontrar amigos significa localizar a nós mesmos.
É estar alinhado com uma porção de nós que existiu e se diluiu, mas necessita ser ativada de tempos em tempos. 
É reencontrar nosso referencial, o pedaço de nossa história a partir do qual tudo o mais virou mera comparação e entender que, se algum dia fomos tocados, essa relíquia permanece conosco. 
Requer coragem, pois implica deixar o instinto de autopreservação em casa e se arriscar.
A gente se reabastece. 
A sensação é mais ou menos como voltar à terra natal, rever a casa que morou na infância, esbarrar num grande amor ou provar uma receita de família.
Existe poesia no reencontro… 
Um encantamento sentido por aqueles que se deixaram cativar. 
Como um amigo querido que viajou 1600 km só para passar algumas horas conosco. Acredito que apesar do cansaço, voltou leve e certamente pôde agregar partes de si mesmo, sob o olhar generoso e cúmplice de cada um dos presentes.
Pois como dizia o poeta: “As coisas findas, muito mais que lindas, essas ficarão…



terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Ah... como gosto...



Gosto de gente com a cabeça no lugar, de conteúdo interno, idealismo nos olhos e dois pés no chão da realidade.
Gosto de gente que ri, chora, se emociona com um simples e-mail, um telefonema, uma canção suave, um bom filme, um bom livro, um gesto de carinho, um abraço, um afago.
Gente que ama e curte saudade, gosta de amigos, cultiva flores, ama os animais.
Admira paisagens, poeira e chuva.
Gente que tem tempo para sorrir bondade, semear perdão, repartir ternuras, compartilhar vivências e dar espaço para as emoções dentro de si, emoções que fluem naturalmente de dentro de seu ser!
Gente que gosta de fazer as coisas que gosta, sem fugir de compromissos difíceis e inadiáveis, por mais desgastantes que sejam.
Gente que colhe, orienta, se entende, aconselha, busca a verdade e quer sempre aprender, mesmo que seja de uma criança, de um pobre, de um analfabeto.
Gente de coração desarmado, em ódio e preconceitos baratos.
Com muito AMOR dentro de si.
Gente que erra e reconhece, cai e se levanta, apanha e assimila os golpes, tirando lições dos erros e fazendo redentoras suas lágrimas e sofrimentos.
Gosto muito de gente assim como VOCÊ...
e desconfio que é deste tipo de gente que DEUS também gosta!

segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

Felicidade é a soma de pequenas felicidades


FELICIDADE É A SOMA DE PEQUENAS FELICIDADES

Li essa frase num outdoor em Paris e soube, naquele momento, que meu conceito de felicidade tinha acabado de mudar. Eu já suspeitava que a felicidade com letras maiúsculas não existia, mas dava a ela o benefício da dúvida.

Afinal, desde que nos entendemos por gente aprendemos a sonhar com essa felicidade no superlativo. Mas ali, vendo aquele outdoor estrategicamente colocado no meio do meu caminho (que de certa forma coincidia com o meio da minha trajetória de vida), tive certeza de que a felicidade, ao contrário do que nos ensinaram os contos de fadas e os filmes de Hollywood, não é um estado mágico e duradouro.

Na vida real, o que existe é uma felicidade homeopática, distribuída em conta-gotas. Um pôr-de-sol aqui, um beijo ali, uma xícara de café recém-coado, um livro que a gente não consegue fechar, um homem que nos faz sonhar, uma amiga que nos faz rir... São situações e momentos que vamos empilhando com o cuidado e a delicadeza que merecem alegrias de pequeno e médio porte e até grandes (ainda que fugazes) alegrias.

Eu contabilizo tudo de bom que me aparece! Sou adepta da felicidade homeopática. Se o zíper daquele vestido que eu adoro volta a fechar (ufa!) ou se pego um congestionamento muito menor do que eu esperava, tenho consciência de que são momentos de felicidade e vivo cada segundo.

Alguns crescem esperando a felicidade com letras maiúsculas e na primeira pessoa do plural. Eu me imaginava sempre com um homem lindo do lado, dizendo que me amava e me levando pra lugares mágicos. Agora, se descobre que dá pra ser feliz no singular. Quando estou na estrada dirigindo e ouvindo as músicas que eu amo, é um momento de pura felicidade. Olho a paisagem, canto, sinto um bem-estar indescritível. 

Uma empresária que conheci recentemente me contou que estava falando e rindo sozinha quando o marido chegou em casa. Assustado, ele perguntou com quem ela estava conversando: 'Comigo mesma', respondeu. 'Adoro conversar com pessoas inteligentes'.
Criada para viver grandes momentos, grandes amores e aquela felicidade dos filmes, a empresária trocou os roteiros fantasiosos por prazeres mais simples e aprendeu duas lições básicas: que podemos viver momentos ótimos mesmo não estando acompanhadas e que não tem sentido esperar até que um fato mágico nos faça felizes.

Esperar para ser feliz, aliás, é um esporte que abandonei há tempos. E faz parte da minha 'dieta de felicidade' o uso moderadíssimo da palavra 'quando'. Aquela história de 'quando eu ganhar na Mega Sena', 'quando eu me casar', 'quando tiver filhos', 'quando meus filhos crescerem', 'quando eu tiver um emprego fabuloso' ou 'quando encontrar um homem que me mereça', tudo isso serve apenas para nos distrair e nos fazer esquecer da felicidade de hoje. 

Esperar o príncipe encantado, por exemplo, tem coisa mais sem sentido? Mesmo porque quase sempre os súditos são mais interessantes do que os príncipes. Ou você acha que a Camilla Parker-Bowles está mais bem servida do que a Victoria Beckham?

Como tantos já disseram tantas vezes, 'aproveitem o momento, amigos'. E quem for ruim de contas recorra à calculadora para ir somando as pequenas felicidades.

Podem até dizer que nos falta ambição, que essa soma de pequenas alegrias é uma operação matemática muito modesta para os nossos tempos. Que digam! Melhor ser minimamente feliz várias vezes por dia do que viver eternamente em compasso de espera.


Leila Ferreira, jornalista

terça-feira, 26 de novembro de 2019

Masculino e feminino - Animus e Anima



Quando o filho permanece na esfera da mãe, o feminino inunda a sua alma, impedindo-o de tomar a masculinidade de que vem de seu pai. 
E quando a filha permanece na esfera do pai, o masculino inunda sua alma, impedindo-a de tomar a feminilidade que vem de sua mãe. 
Carl Gustav Jung denominou o feminino presente na alma do homem de anima, e o masculino presente na alma da mulher de animus.
A anima se desenvolve mais fortemente quando o filho permanece na esfera da mãe. Curiosamente, porém, ele sente então menos compreensão e simpatia por outras mulheres, e tem menos sucesso com as mulheres e com os homens. 
E o animus se desenvolve com mais força quando a filha permanece na esfera do pai. Curiosamente, porém, ela sente então menos compreensão e simpatia por outros homens e tem menos sucesso com os homens e as mulheres.
A atuação da anima na alma do homem se mantém dentro de seus limites se ele passou cedo para a esfera do pai. Contudo, curiosamente, ele sente então mais simpatia e compreensão pelas características e pelos valores das mulheres. 
E a atuação do animus na alma da mulher se mantém dentro de seus limites se ela retornar cedo à esfera da mãe. Contudo, curiosamente, ela sente então mais simpatia e compreensão pelas características e pelos valores do homens.
Portanto, a anima resulta do fato de o filho não ter tomado o pai e o animus resulta de a filha não ter tomado a mãe.


Bert Hellinger 

quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Trago verdades...


Chorar não resolve, 
falar pouco é uma virtude, 
aprender a se colocar em primeiro lugar não é egoísmo 
e o que não mata com certeza fortalece. 
Às vezes mudar é preciso. 
Nem tudo vai ser como você quer... a vida continua.
Pra qualquer escolha se segue alguma conseqüência, 
vontades efêmeras não valem a pena, 
quem faz uma vez não faz duas necessariamente, mas quem faz dez, com certeza faz onze. 
Perdoar é nobre, esquecer é quase impossível. 
Nem todo mundo é tão legal assim, e de perto ninguém é normal. 
Quem te merece não te faz chorar... quem gosta cuida. 
O que está no passado tem motivos para não fazer parte do seu presente, 
não é preciso perder pra aprender a dar valor 
e os amigos ainda se contam nos dedos. 
Aos poucos você percebe o que vale a pena, o que se deve guardar pro resto da vida, e o que nunca deveria ter entrado nela. 
Não tem como esconder a verdade... nem tem como enterrar o passado.
O tempo sempre vai ser o melhor remédio, mas seus resultados nem sempre são imediatos. 
Não fique preocupado!
Você nunca sabe quem está se apaixonando pelo seu sorriso...


Desconheço a autoria.

segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Sobre meu jardim


Há alguns anos eu tomei uma atitude e mudei minha vida.

Antes... eu conheci o lugar mais escuro, frio e úmido. Eu transitei pelo que havia de mais imundo no mundo. Eu fui até ao buraco negro onde vivem os fantasmas raivosos. Eu conheci os gritos da dor da angústia, calada. Eu mergulhei sem saber nadar e perdi o fôlego entregue a uma quase morte. Eu estava quase desistindo, dilacerada...

Eu vi todas as cores na superfície da água. Um céu dançava e imitava um arco-íris molhado. Meus olhos ardiam de sal e minha respiração estava congelada. Minha alma enrugara tal qual meus sonhos, mas as nuvens desenhavam um chamado.

Rabisquei na mente a minha retomada. E pude visualizar que havia ainda algo a percorrer nesta existência e que era longa a estrada. Eu desisti das desistências e da necessidade de viver anestesiada. E a mesma dor que me lançou no abismo, me trouxe de volta, renovada.

Ergui bases mais sólidas, reconstruí meu novo olhar. Estive com todos os sentimentos desconsertados, esperando calmamente o seu lugar. O peito ainda ardia, mas a palavra em punho. Despejei minhas emoções tardias num choro infantil. E renasci como num parto de criança, inocente e pueril.

Hoje, meu rosto ainda mostra as cicatrizes. Fui tão intensa em tudo, vivi décadas infelizes. Deixei minha derrota para cuidar das minhas conquistas. A sombra assustada afastara-se com a luz. Por isso, hoje eu digo que tudo já deu certo. 

Plantei o meu jardim onde tudo era deserto.

quinta-feira, 7 de novembro de 2019

Sobre amizade



A amizade é indispensável para o bom funcionamento da memória e para a integridade do próprio eu. 
Chama os amigos de testemunhas do passado e diz que eles são nosso espelho, que através deles podemos nos olhar. 
Vai além... diz que toda amizade é uma aliança contra a adversidade, aliança sem a qual o ser humano ficaria desarmado contra seus inimigos. 
Verdade verdadeira! Amigos recentes custam a perceber essa aliança, não valorizam ainda o que está sendo construído. 
São amizades não testadas pelo tempo, não se sabe se enfrentarão com solidez as tempestades ou se serão varridos numa chuva de verão. Veremos...
Um amigo não racha apenas a gasolina... racha lembranças, crises de choro, experiências... Racha a culpa, racha segredos...
Um amigo não empresta apenas a prancha... Empresta o verbo, empresta o ombro, empresta o tempo, empresta o calor e a jaqueta...
Um amigo não recomenda apenas um disco... Recomenda cautela, recomenda um emprego, recomenda um país...
Um amigo não dá carona apenas pra festa. Te leva pro mundo dele... e topa conhecer o teu. 
Um amigo não passa, apenas cola. Passa contigo um aperto, passa junto o Réveillon. 
Um amigo não caminha apenas no shopping. Anda em silêncio na dor, entra contigo em campo, sai do fracasso ao teu lado. 
Um amigo não segura a barra, apenas. Segura a mão, a ausência, segura uma confissão, segura o tranco, o palavrão, segura o elevador. 
Duas dúzias de amigos assim ninguém tem. 
Se tiver um, amém.


Milan Kundera

Status: Psicólogo

Ao psicólogo não é dado o martelo dos juízes, as prerrogativas dos promotores, nem o bisturi dos cirurgiões, somos pequenos clínicos ...