quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Filhos em revoada


A vida vai se construindo em cima de sonhos. Sonhos que temos, que planejamos, que realizamos, outros que deixamos se esvair pelo caminho, mas que nos deram algum movimento e, de certa forma, nos preparam para a concretude de um novo sonho, muitas vezes maior e mais concreto dentro de nós.
Meu maior sonho de vida era ser Mãe. Desde criança sempre gostei e cuidava muito de crianças. Ganhava o meu tempo inventando histórias e fazendo coisas que pudessem encantar o mundo infantil. E ver seus olhinhos brilhando de alegria enchia minha alma de satisfação e felicidade.
Quando, finalmente, tive os meus eu não acreditava naquela perfeição da Criação, a forma como se desenvolviam, a maneira como dependiam de mim e os passos que iam dando rumo à concretização de seus desejos. Criar filhos é o trabalho mais árduo que já conheci na vida, tanto quanto é mágico e divino. De tudo que já fiz na vida, de todas as situações que já passei, ter filhos e criá-los foi o que mais me moldou, o que mais aprendi e o que mais me realizei até hoje.
Dentro do que pude dar, meus filhos tiveram tudo de mim (e tem até hoje!). Seguindo o fluxo da vida vão crescendo, se tornando homens, traçando seus caminhos, cada qual a sua maneira, cada qual com suas peculiaridades da personalidade. E há quem diga que perfeição não existe! Existe sim, basta você abrir os olhos do coração e enxergar o quanto a vida é sábia e bela. Meus filhos não são perfeitos, mas a vida é e isto basta.
Às vezes, paro e fico olhando, observando, analisando... fazendo uma retrospectiva, lembrando de fatos que marcaram nossas vidas e chego à certeza de que tudo valeu. Se tivesse que voltar no tempo, faria tudo de novo, como tem sido feito. Talvez eu ouvisse menos as pessoas e desse mais atenção ao que diz meu coração.
Meus meninos estão crescendo e agora é hora deles sonharem os próprios sonhos, de buscarem para suas vidas realizar as escolhas da alma e voar. Cada qual no seu caminho, os meus adolescentes começam a me abordar sobre o que penso, procurando o porto seguro que uma palavra de mãe pode dar. E é só o que eles querem: confirmação. É como se dissessem: "mamãe, aceite minhas escolhas e eu serei mais feliz!" E eu os apoio. Oriento, sempre explicando que minhas contribuições são apenas pontos de vista meus e que eles analisem tudo com muito cuidado, porque eu não sou dona da razão.
E por mais que meu movimento seja sempre de amorosidade e acolhida, não tem como negar que esse momento, entro em contato com uma saudade que ainda nem chegou e meu coração fica pequenininho, já pronunciando a falta daquele filho perto de mim. Puro apego! Ele vai ter que passar. Essa é a hora de aceitar que esse lugar de mãe tem uma essência, uma função, um significado muito maior do que isso que nos salta aos olhos.
Tudo que me resta é apoitar num lugar não tão longe que não eu possa vê-los, mas também não tão perto a ponto de sufocá-los. Nesse lugar, só resta acreditar na sabedoria divina da vida e pedir a Deus que nos guarde e nos guie por caminhos vindouros, por onde quer que nos atrevamos a ir.

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