segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Sempre é tempo de ser criança


Outubro é mês repensar a criança que está dentro da gente e pedir-lhe perdão por tantas vezes que a abandonamos e subjugamos com compromissos inadiáveis e fidelidade cega ao mundo louco da "gente grande"! 
Oxalá essa gente grande pudesse se permitir, por algum tempo, ouvir sua voz, seus desejos e anseios e se deixar conduzir por um prazer e uma alegria há muito experienciada! 
Um dia sem sol se transformava num monte de bichinhos no céu; um ter que esperar virava uma brincadeira a mais, que podia ser uma adedonha ou forquinha; uma manguinha caída do pé virava vaquinha quando se encontrava com alguns galhinhos; o subir no pé de árvore e o banho de rio era um empoderar-se de natureza; pique-esconde, pular elástico, bola de gude, boneca de milho, teatrinho, desfile de modas; sem falar daqueles lençóis da mamãe, branquinhos pelo anil, que insistiam em passar correndo e ser carimbados pelas nossas bolas de meia; ai que saudade dos tombos de patins e skate, dos panos amarrados na linha que a gente dependurava na árvore a abaixava de uma vez para assustar quem passava, da bicicleta monareta que nos levava a lugares inimagináveis aos olhos de nossos pais! 
E a alegria de esperar mamãe fazendo aquele bolo de aniversário, os natais com papai vestido de Papai Noel e o sonho de valsa ganhado na páscoa! E aquela maçã embrulhada no papel azul que mamãe dividia em quatro pedaços para render mais? 
Tinha a minha irmã que me dava banho e punha prá dormir na cama debaixo... e a outra irmã que era a contadora de histórias: me mostrava o mundo contando das coisas que lia... toda noite era uma viagem diferente na minha imaginação a partir de seus relatos... e meu irmão que me chamava de Nega do Nel, que deixava montar cavalinho nele, que jogava robamonte e malmal... e que tinha uma criação de preás no quintal... era uma aventura brincar com o Forte Apache do outro irmão enquanto ele estava na escola, esse mesmo irmão que comprou um periquito (o Chiquito!), teve um aquário cheio de peixinhos lindos (me lembro de passar horas olhando para eles!) e que gostava muito do picolé de milho verde que a mami fazia (mesmo nos dias frios, vestia paletó e dá-lhe picolé!). 
Ao cair da tarde apreciava as voltas no quarteirão com mami e os passeios na Vemaguete marron com papi: ele ia com a gente prá saída de Trindade prá "ver Goiânia" (que vista linda!) E tinha ainda a Ave Maria cantada ao longe, lá na Catedral, contanto que já era hora do banho! E havia ainda a arte da jaboticaba chupada no pé depois de ter caído a chuva (ela era mais gostosa, ficava geladinha...). 
Tem coisa mais fantástica que a fruta surrupiada do quintal do vizinho? A manga que a gente amassava e chupava, deixando o caldo escorrer aos cotovelos, o jambo, o caju... E aquelas cabaninhas construídas prá ser o Clube da Luluzinha, onde menino não podia entrar? E o cabo de guerra, o chicotinho queimado, a cobra cega, o vizinho me dá seu cantinho, a corrente que pega gente, o bet, a bolha de sabão, o carrinho de rolimã, a pipa, o peão, a bolinha de gude, o guizadinho? Minha irmã era campeã de finca! A outra, campeã de queimada! E eu, avoada que era, sempre fui campeã de imaginar! Acho que fui campeã de ser criança!
Absorta nessas boas recordações, me ponho a pensar onde foi que esse arquétipo de criança que brinca se meteu? Os ipad, ipod, iphone, videogame, tv, internet, zapzap esconderam tudo isso! Onde foi parar o contato com a natureza e o humano? Não que eu faça aqui uma apologia contrária à tecnologia, apenas quero evocar um prazer vivido e jamais esquecido, com a certeza de que as crianças de hoje estão ficando cada vez mais carentes disso, querendo sempre mais: o mais novo modelo de videogame, ipod, a boneca mais moderna, que fala e ri. 
Minha preocupação é: até que ponto essa estimulação exagerada do hemisfério esquerdo (o responsável pela racionalidade) em detrimento da estimulação do hemisfério cerebral direito (o que se encarrega do afeto, da criatividade e da intuição e que é estimulado por todas essas brincadeiras prazerosas que citei anteriormente) não vai afetar o desenvolvimento natural da criança? Que tal a gente aproveitar esse dia para repensar nosso papel de "gente grande" e tomarmos consciência de nossa responsabilidade por um desenvolvimento infantil mais ecológico e humano no sentido afetivo, cultural e social. É hora de aprendermos a respeitar a sabedoria das crianças para resolver seus próprios problemas e ampará-las naquilo que se sentirem inseguras. É hora de lutarmos por crianças mais saudáveis! 
Hoje é um ótimo dia para que, além dos presentes, possamos convocar nossa criança interna e honrá-la com a profundidade e o respeito que ela merece. Afinal, essa criança permanece viva dentro de nós! É ela que devemos buscar quando estivermos em dúvida quanto ao caminho que nos levará ao prazer real. 
Experimente! Basta fechar o olhos e lá estará ela! Pergunte-lhe! Ela, com certeza, saberá o caminho do prazer do vivo! Sawabona à sua criança! Sawabona quer dizer: eu te respeito, eu te valorizo, você é importante para mim! Sawabona à sua criança! 
Agradeço muito à criança de meus filhos Adriano Sousa e Luiza Sousa que 
trouxeram-me a possibilidade do re-encontro com a minha!!!!!

(Texto da Profa. Ms. Tereza Cristina Rezende de Carvalho - PUC/GO)

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

E assim a vida segue...



Depois de tantos tombos e recomeços, eu sacudi a poeira da alma e passei a valorizar os pequenos momentos felizes, lembrando sempre de todas as sortes que eu tenho... 
A sorte de poder enxergar as cores do mundo, de conseguir me curar de todas as dores em que tenho tropeçado. 
E de ter a certeza de que as alegrias pesam muito mais do que os momentos ruins. 
Volta e meia dou uma limpa no coração e varro de lá as mágoas, as lembranças que pesam, as tristezas que teimam em cutucar minha felicidade. 
"Não foi porque não era pra ser" é quase um mantra. 
"E o que tiver que ser, virá" é uma certeza. 
Quem magoa e supervaloriza seus defeitos, não tem mesmo que ficar. 
Quem agride, mente e julga, nem merece ser ouvido. 
A gente tem que parar com a mania de se contentar com pouco, por medo do nada. 
Porque o bonito da vida, é ter sorrisos pra contar...

(Texto de Karla Tabalipa)

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Justiça da vida


Só deseja ter um dia sossegado, quem tem a intensidade à flor da pele, quem acorda suspirando a vida, devorando o dia, se lambuzando de tudo sem conseguir tocar nas coisas com a ponta dos dedos.
Só deseja constantemente a companhia das palavras quem escreve. Para estas, o silêncio nunca é mudo, é sempre uma possibilidade. A escrita ensina a esperar, a escutar a letra da música e depois a melodia, juntas e separadas. A escutar a história do Outro sem fazer intervenções antes da conclusão. A compreender que os espertinhos são aqueles que sempre vão terminar levando uma rasteira da própria ingenuidade, porque perderam a inocência.
Só consegue vislumbrar a paz quem se investiga, quem tem Consciência do que deseja e pode ou não obter, quem aprendeu a lidar com o imediatismo.
Só consegue acordar para a vida, quem viveu solitário e insone dentro de uma noite interminável e caminhou sonolento pelo resto do dia porque perdeu o sol.
Só julga acidamente os Outros o tempo todo quem é recalcado. Quem se aprisionou na ideia do que é ridículo e não consegue suportar um ser autêntico. 
Só consegue ser irônico, quem é inteligente. 
Só consegue ser doce, quem já foi ferido e curado pela espiritualidade.
Só consegue o que quer os que têm desejos justos. E acreditam.


(Texto de Marla de Queiroz)

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Celebrações


Meus dias têm sido de celebração... 
Celebro a ação de me pôr em movimento ao encontro daquilo que almejo.
Celebro a ação de me causar bem-estar estando com as pessoas que me amam e em lugares que amo.
Celebro a ação de ser grata por ter todas as minhas faculdades perfeitas e um bocado de loucura para ousar nas mudanças que preciso e crescer por dentro. 
Celebro, diariamente, a ação de ter criatividade, de criar atividades que me tirem da estagnação espiritual, emocional, pessoal. 
Celebro a ação de renovar meus valores para que eles sejam justos. 
Celebro a ação de não ocupar meu coração com desesperança e preconceitos ou coisas que aprisionem minha alma na limitAÇÃO. 
Celebro a ação de me importar primeiro com as pessoas, depois com as coisas. 
Celebro a ação de ser profunda nos meus devaneios, celebro a ação de ser superficial em alguns desejos e poder me permitir ou rir deles. 
Celebro a ação de mudar de ideia, de certeza, de narrativa, de estado de espírito, de aparência, de preferências, de vida!
CelebrAÇÃO não é lamentAÇÃO, por isso, celebro!

(Texto de Marla de Queiroz)

Status: Psicólogo

Ao psicólogo não é dado o martelo dos juízes, as prerrogativas dos promotores, nem o bisturi dos cirurgiões, somos pequenos clínicos ...