terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

De tudo... sou...


De tudo que amei. De tudo que represei. De tudo que calei. De tudo que gritei. De tudo que desejei.

De tudo que abortei. De tudo que acreditei. De tudo que questionei. De tudo que quis. De tudo que fiz. De tudo que dei. De tudo que me foi roubado.

De tudo que comprei sem ter experimentado. De tudo que não gostei sem sequer ter provado. De todas minhas dúvidas e certezas. De todos os meus não-saberes. De todos os meus medos ocultados.

De todas minhas feridas rasgadas. De todas minhas cicatrizes que o seu olho não vê. De toda parte de mim que ainda não me foi revelada. De tudo que há por fora e por dentro. De tudo que em mim é movimento.

De tudo que não vai nunca a lugar algum. De tudo que julguei ser verdade e era mentira. De todas as vezes que me enganei. De todas as vezes que falei por não saber dizer. De cada momento que calei para você poder me ouvir.

De todas as coisas que não sei e jamais saberei. De tudo que penso saber e, na verdade, não sei. De todas as dúvidas que virarão certezas. De todas as certezas que se transformarão em poeira.

De toda dor que, um dia, será alegria. De toda alegria que se findará em pranto. De tudo que não cabe num papel. De tudo que caneta não sabe escrever. De tudo que os livros não explicam. De tudo que não possui lógica.

De tudo que em seu maior paradoxo é coerente. De tudo que todas as palavras jamais poderão transcrever. De tudo isso e mais um tanto. De muito, pouco, raso, fundo, frio, quente, azul e nublado. De todas as cores, de todos os tons, de todos os sons.

Da música e do silêncio. Do divino que há no humano e do humano que há no divino. Sou o que o ontem fez de mim. Sou o que sou hoje. Amanhã, sou folha em branco.

(Texto de Carolina Braga)

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