quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Contato consigo mesmo



Fui assistir ao filme "Um Novo Despertar", o que me levou a muitas reflexões a respeito da forma como levamos a nossa vida, nossas fases, nossas negações, nossos repúdios e tantos outros temas que, a cada nova cena, me faziam despertar para coisas da minha própria vida.

O filme conta a história de um homem em depressão que perde sua familía, vai mal no trabalho e pensa até em suicídio. Ao sair de casa pára numa loja e sai com uma caixa cheia de bebidas alcóolicas. Ao tentar guardá-la no porta malas de seu carro, cheio de quinquilharias, encontra o fantoche de um castor que, aparentemente o salva de si mesmo. A partir de então, o castor começa a ser o dirigente da sua vida, dando-lhe conselhos, dizendo o que ele tinha que fazer, porém num contexto bem doentio, onde o homem não mais se expressa ou convive sem a presença de seu suposto amigo. A presença desse fantoche o faz guinar na vida em todos os seguimentos até que ele sente a necessidade de ficar sem ele, o que torna a situação desesperadora em seu sentir, humanamente impossível.

Claro que eu não vou ficar contando aqui os detalhes e o desencadear de toda a história, mas fiz só uma explanação para me fazer entender, pegar o fio da meada de todos os meus pensamentos, de minhas reflexões.

Um ponto forte do filme é que não adianta assumirmos qualquer personagem para termos o real controle de nossa vida. Lá era o caso de um fantoche de castor, mas vemos todos os dias, infinitas vezes, pessoas imitando umas às outras ou se apegando de certa forma que cria uma dependência doentia ou ainda se deixando levar por modismos que nada tem a ver consigo mesmo para se enquadrar no meio, como se a ausência do outro impossibilitasse o seguimento da própria vida.

Sabemos que o ser humanno não vive sozinho, que ele precisa estar inserido num contexto social para ter uma qualidade de vida melhor. Porém, nem por isso precisamos sair por aí imitando os outros ou copiando suas atitudes. Conheço pessoas que forçam ser o que não é, até começam a fazer coisas erradas porque o outro faz, como uma forma de só ter o seu valor assim. Nessas condições, as pessoas vendem a alma, fazem qualquer tipo de coisa para que a sociedade a aceite, nem que isso vá contra o que pensa e acredita ser o melhor caminho para o bem viver.

Muitas vezes, as cadeias internas que a prendem são tão fortes que tudo que a pessoa quer é ser como o outro. Bonito como outro, inteligente como o outro, esperto como o outro, divertido como o outro. Tudo isso com a forte intenção de se fazer aceito. Ledo engano! Na verdade, você só vai ser aceito (e mais: respeitado) quando assumir realmente quem você é de fato, com todas as suas imperfeições, medos, dúvidas e questionamentos. Por outro lado, mesmo que você não perceba, você vai estar levando também sua bagagem de vida, sua história, seus porquês, sua essência verdadeira, o que unicamente mostrará o seu grande valor. Essa é a construção ideal para a vida.

Hoje em dia, impomo-nos diversas atitudes que não condizem com o nosso jeito de ser e até mesmo novos valores, os quais nem sempre são os mais honrosos. E isso causa, na verdade, um enorme sofrimento e uma imagem digna de piedade. Portanto, não abra mão de você mesmo. Não se negue, não se isole, não se culpe. A vida está aí pra ser vivida tal como é, sem muitas complicações. Existimos para nos descobrirmos a cada dia e, a cada nova descoberta, o mundo vai ficando mais colorido, podemos pintar nas cores que a gente quer.

A culpa só estraga as coisas. Ela pesa, faz com que nossa boa energia fique disperdiçada onde não compensa. Faz com que nos afastemos de nós mesmos e foquemos no outro, nas situações desagradáveis, nos cenários mais doloridos. Entenda que as coisas só acontecem quando e da forma que têm que ser e que tudo vem para o nosso melhor.

Acho de extrema importância fazer, sempre que possível, uma auto-análise, fazer questionamentos sobre nossos pensamentos, atitudes, sem nos preocupar muito com o que o outro faz ou pensa, mas impreterivelmente perceber se nossas ações estão promovendo algum bem. E só valerá se estiver fazendo bem a nós mesmo, porque fazer sem sentir-se de certa forma realizado, perde totalmente o sentido.

Chamo isso de limpeza. Gosto de pessoas de cara limpa, que observam com transparência, que aceitam-se tal como são. É óbvio que elas erram também, mas por conta própria, e por isso aprendem mais. Melhor ainda se tiverem humildade para perceberem o erro e pedir desculpa e, claro, mudar de atitude, o que é mais importante.

Se as pessoas continuarem olhando o outro sempre esperando que o outro o veja, serão grandes as decepções pela vida. Aja com hombridade e perceba se o bem que você faz, se a palavra que sai da sua boca, está fazendo algum bem a outrem. Tenho certeza que ninguém se sentirá melhor que você se isso for feito de coração.

Sua vida é um presente e tudo o que se passa nela, desde as situações que te ocorrem até as pessoas que você encontra pela vida, não lhe vem por acaso. São essas coisas que lhe trarão aprendizados, que construirão o seu ser. Então, viva a vida com alegria e não perca contato consigo mesmo, apesar de vier em sociedade. Você é o ser mais especial e merece ser tratado por você mesmo com zelo e atenção. Se você não faz isso, quem o fará?

Um comentário:

  1. Amiga, lindo texto! Falou comigo! Obrigada por promover o bem! Você é 10!

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