quarta-feira, 16 de junho de 2010

Um dia por vez - 16/06/10 - Momento vitrine


Vitrines e mais vitrines. Elas são o cartão de visitas de todas as lojas, sejam elas de roupas, sapatos, móveis, chocolates, brinquedos ou qualquer outro artigo. São responsáveis por destacar os melhores produtos, os mais bonitos, os que estão na moda, os lançamentos... é o “chamarisco” para o público que transita por aí pelas ruas, galerias ou shoppings.

Imagino que se um livro, por exemplo, tivesse alma e fosse colocado na vitrine de uma livraria de renome, seria como ganhar o Oscar, ganhar uma eleição, seria como uma modelo que sonha a vida inteira em sair na capa da revista mais famosa e antenada do mundo.

Dizem que nunca se pode comentar sobre uma experiência que nunca se teve, pois algumas coisas só fazem realmente sentido quando são vividas e sentidas na pele. Se não, é como saber toda a teoria, mas na hora da prática, ficar sem saber o que fazer.

Pousar, fazer parte de uma vitrine nunca foi uma experiência sonhada por essas duas amigas. Primeiro, porque não eram modelos (pelo menos até esse dia). Segundo que, para ocupar um lugar numa vitrine, é preciso ter uma postura de elegância e beleza de alta categoria, pois é preciso estar impecável.

Não que elas não fossem belas e elegantes, pelo contrário, eram verdadeiras deusas, mulheres encantadoras, mas o que mais chamava a atenção nelas era o interior cheio de alegria e intensidade. Além do mais, “quem vê cara, não vê coração” e elas sempre se mantiveram ligadas às coisas do coração.

Numa tarde de quarta-feira, um dia de semana completamente comum, as amigas saíram para comprar algumas coisas e foram ao shopping, olhar vitrines, meras expectadoras à procura do produto ideal. Conversa vai, conversa vem, resolveram parar para um café, como de praxe nos momentos em que estão juntas.

Mas nessa quarta-feira aconteceu uma coisa inusitada. Na cafeteria foram convidadas a ocupar a vitrine de uma nobre livraria, local que as duas adoram, pois não haviam mesas desocupadas na cafeteria e lá seriam servidas.

Neste dia, a vitrine da livraria, uma grande e famosa franquia, apesar de bem planejada, com títulos interessantes, alguns livros mais vendidos e muitos lançamentos, ficou mais bonita, mais chamativa e completamente interessante.

As belas mulheres se sentaram em poltronas confortáveis, com aquela elegância que lhes é nata, como se estivessem numa casa de chá colonial. Sentiram-se tão em casa que era como se ali fosse a sala de estar de suas casas.

De meras expectadoras passaram a serem as protagonistas e ali estavam tão à vontade que sentaram, conversaram, folhearam alguns livros, deram boas risadas e filosofaram muito. Claro que falaram de amor, maneiras de amar, demonstrações de afeto, do dar e do receber amor... assunto esse que está sempre em foco para as duas, estejam elas juntas uma com a outra, com outras companhias ou sozinhas. E quando sozinhas, dividem com o papel. Deixam deslizarem as letras que saem do coração e vão colocando ali toda sensibilidade e sentimento.

Como se sabe, quando se fala de amor, seja quem for, os olhos se iluminam, a alma resplendece, a aura fica grande e colorida. E nesse clima de amizade e cumplicidade, que também é uma forma de amor, elas ficaram ali, tomando seus cafés, observando as pessoas que passavam e olhavam desentendidas, como se elas fossem uma tela de cinema e elas apenas observavam o transitar das pessoas e da vida.

Nessa oscilação, entre ser vitrine e ao mesmo tempo assistir ao filme da vida que passava lá fora, elas se divertiam, viajando nas histórias que elas viveram ou criavam, temas que poderiam estar registrados em algum daqueles livros, junto com tantos outros títulos, para que as pessoas que tivessem a oportunidade de ler (ou diria lê-las), pudessem entender que as coisas boas da vida estão nos momentos mais simples como: folhear um livro, tomar um bom chá ou café, rir pra valer, conversar coisas sem sentidos que tem em si uma total profundidade filosófica e valorizar uma boa amizade.

Esse foi o momento vitrine das duas amigas... surpreendente, porém singelo. Até que ser deram conta que, na vida real, somos todos vitrines aos olhos de quem nos vê. Alguns vêem e não enxergam, outros ficam desentendidos, outros acham graça, outros se encantam de tal maneira que não perdem mais aquela imagem.

O que as pessoas não sabem é que essas vitrines humanas, revelam segredos de si mesmas e que, basta prestar um pouquinho mais de atenção, e elas podem levar com elas para casa, de graça, um excelente aprendizado.

Um comentário:

  1. Adorei amiga...o momento, dividir o mesmo assunto (no blog)e curtir com vc mais essa inusitada experiência. O que deixei de falar no meu texto e que queria deixar aqui registrado é que seja aonde for, seja porque motivo for sempre daremos boas risadas e levaremos pra casa nos nossos corações a certeza que a vida é feita destes momentos em que duas amigas se divertem e fazem graça de um momento que talvez pra outras pessoas passaria despercebido.
    Amo vc!
    Aline.

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Status: Psicólogo

Ao psicólogo não é dado o martelo dos juízes, as prerrogativas dos promotores, nem o bisturi dos cirurgiões, somos pequenos clínicos ...