terça-feira, 11 de maio de 2010

Instantes - Maurício Roriz


Em um instante te vi passar sem perceber
Em outro instante, pude notar sua presença
Em um instante, pude tocar a sua mão
E outros instantes, alguns eternos,
Como quando te beijei
Como quando nos amamos
Como da primeira vez
Instante mágico
Nosso começo
Instante belo e quente como a luz do sol
Achamos que era só um affair, só um ficar
Foi num instante que percebemos, nos enganamos
Outros instantes, ainda maiores aconteceram
Nos conhecemos, nos descobrimos
Presos pelo coração
E tudo foi tão de repente
Nada mais do que instantes
Instante único
A nossa estrada
A vida fora na mais pura emoção
A vida são instantes
Instantes são tão breves
Somos dois amantes
A viver cada vez mais
A sentir cada segundo
Cada vez mais do que antes
O amor nesses instantes de paz

Há dias estou pra escrever essa música, letra de uma pessoa que adoro, melodia de um grande artista que conheci. Esta traz uma leveza tão grande que me faz flutuar em sua letra, melodia e na minha própria vida. A clareza e a verdade intrínseca nessa canção impedem-me de delongar-me sobre ela.

As coisas que levamos dessa vida, aquilo que se eterniza dentro de nós, são feitas apenas de instantes. Instantes esses que passam por nós despercebidos muitas vezes e que, como mágica, marcam imensamente nossa história e nossa alma, deixando marcas em nosso coração. Estes pequenos momentos fazem morada em nossa mente e o instante eterniza-se em nós, dura para sempre. Encontra-se sempre à mão de nossas lembranças, nossa saudade, nossa vontade de reviver algo que foi tão gostoso.

Ouvindo a música, tenho a imagem de um homem, envolto nos afazeres do dia-a-dia, que via passar uma bela dama, quase diariamente. Ele não a notava, mas ela, apesar de passar descompromissadamente, sabia instintivamente que algo a atraía pela mesma rota todos os dias. Ele a olhava, mas não a via.

De repente, num instante, despretensiosamente, ele a percebeu e, dali por diante, tamanha era sua surpresa a cada novo encontro, cada contato. Então, ele vai se envolvendo ao ponto de querê-la com tamanha intensidade, a qual ele mesmo nunca esperava. Ela se torna seu objeto de desejo, seu sonho mais fantasioso e surreal.

Até que ele consegue, pouco a pouco, se achegar podendo conhecê-la, tocá-la... e com passar do tempo acariciá-la. Porém, ele queria mais! Ele queria tê-la por inteiro numa urgência inexplicável, como se ela fosse o oxigênio para o ar que faltava-lhe na vida.

Nesse affair, nesse jogo de sedução, ele consegue se aproximar dela e tê-la envolta em seus braços, beijar sua mão, sua boca e todo o seu corpo, como quem possui uma fruta doce e dela se lambuza.

Quando, num outro instante, surpreendentemente, sentem entre si um grande amor e fazem com total maestria esse amor, grande, contido, sonhado, há tanto desejado.

O que os dois não esperavam é que eles eram a fruta prometida um do outro, frutas que jamais teriam um gosto tão especial nas mãos de outrem. O destino já tinha selado essa união muito antes.

Muitos e muitos instantes foram vividos entre eles, com amor e dedicação mútua, como se a vida parasse quando um se encontrava nos braços do outro, um turbilhão de emoções fortes se misturavam entre eles, ao mesmo tempo em que, naquele instante de presença e entrega, tão intenso e completo, era tudo o que precisavam para encontrarem a clareza e sensação absoluta de paz.

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