terça-feira, 20 de abril de 2010

Demais - Verônica Sabino


Foi um vento que passou
Que te trouxe e te levou
Deixando no corpo a marca do amor
Que ficou no ar
Ilusão no ar

A chuva que esse vento trás
Faz com que eu me lembre mais
De todos os sonhos que a gente sonhou
Planejou demais
Demais

Bem que eu podia tentar te encontrar
Mas um vento forte que me afastou
Te levou, te escondeu longe demais

A chuva que esse vento trás
Faz com que eu me lembre mais
De todos os sonhos que a gente sonhou
Planejou demais
Demais

E cada vento que soprar
Pode te fazer voltar
Encher o vazio que ficou no ar
Me marcou demais
Me marcou demais

Acordei com essa música na cabeça, não sei porquê, afinal não a ouço há tanto tempo e ela é de 1900 e bolinhas. Mas, a noite me trouxe essa letra. Talvez queira me dizer alguma coisa. Então, vamos à interpretação...

O vento, amigo do tempo. Sempre trazendo um refresco à nossa alma!
 
Se for uma brisa, nos traz a lembrança de alguém, ou quem sabe um grito de quem te chama porque te precisa. E é sábio, porque só você ouve. Só você sabe de onde vem e responde com outro apelo, ou um beijo ou simplesmente um pensamento, que chega ao lugar certo, no tempo exato, pra pessoa ideal para aquele momento.

Se for um vento forte, daquele que traz tempestade, pode nos assustar, mas de uma forma ou de outra, varre as impurezas e lava a nossa alma. Leva o que dói pra um lugar tão distante, o qual nem precisamos saber. A nós só resta a lembrança dos melhores momentos. Essas sim, seguramos com toda a força, contra o vento e guardamos pra sempre no coração.

Esse vento traz e leva pessoas da nossa vida, com a velocidade necessária para nos trazer o aprendizado pedido na inconsciência de cada um de nós. Deixa em nós a marca do amor, um amor que parece avassalador, mas que não passa de uma doce ilusão.

Traz também a chuva, que escurece o céu, entristece o peito, que nos trás lembranças de momentos tristes que passamos ou felizes, os quais nos entristecem por não podermos mais tê-los no presente. Esses ficam gravados pra sempre no nosso íntimo. E quando olhamos para o céu, entendemos que até ele chora essa ausência e se torna seu mais aliado parceiro da melancolia.

Os pensamentos insistem em nos importunar, em nos rondar, tentar mais uma vez viver o que não foi vivido, ter o algo mais que não pôde ser, concretizar os planos tão carinhosamente feitos, porém nunca concretizados. Isso dói demais.

De repente, como um suspiro da esperança, você sente uma vontade enorme de tentar reviver o passado, você tenta reencontrar aquela pessoa que você guarda dentro de você com tanto carinho, um amor platônico... mas vem o vento, o tal amigo do tempo, e te afasta e leva pra longe, muito longe a ponto de esconder a pessoa de você mesmo.

O vento sabe que o tempo é o melhor remédio, nos trazendo o “vento-alívio” em doses homeopáticas que nos consola o ser, pouco a pouco, dia a dia. E ele vai soprando, lento, leve, quase que imperceptível em nossa vida e quando abrimos os olhos, já foi. Foi apenas uma ilusão, um sonho que já valeu a pena por simplesmente nos fazer sonhar.

Mas a vida dá tantas voltas, né? Quem sabe, um dia, por algum motivo ou vontade, o vento sopre um pouco mais e pode te trazer de novo esse certo alguém? Então, você terá a certeza que a vida é sábia e que ela sabe o momento exato das coisas, dos encontros, dos reencontros que pode preencher o vazio ainda existente no coração. Alguém que ficou no ar e que marcou demais.

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