sábado, 6 de fevereiro de 2010

Receita de um amigo


O texto de hoje não é meu, é de um amigo. Aquele mesmo que já entramos num pequeno impasse entre sermos normais ou anormais, no texto "O circo da vida". Esse impasse já foi resolvido por e-mail, porque meu novo amigo não gosta de comentar no blog, embora acompanhe diariamente. Não importa! Isso já me deixa honrada.

Hoje, enquanto tomava um chá de aeroporto em Brasília, recebi um texto que ele me mandou ontem, o qual respondi dizendo que esse texto deveria ser lido por tantos para, quem sabe, fazer o leitor refletir e se tornar (ou, pelo menos, tentar ser) um ser humano por inteiro. Ele me permitiu blogar, porém respeitando seu anonimato. Então, meu amigo (porque ser amigo também é respeitar o posicionamento do outro), aqui vai seu texto.

Obrigada por sua maravilhosa colaboração. Beijos no coraçao!

Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração. Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto, dos ventos e das canções da brisa. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor.. Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem se sacrificar.

Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão. Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados. Não é preciso que seja puro, nem que seja todo impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa. Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objetivo deve ser o de amigo. Deve sentir pena das pessoa tristes e compreender o imenso vazio dos solitários. Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer.

Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações de infância. Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim.

Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive.

2 comentários:

  1. A solidão é própria da natureza da existência.O interior de cada ser é suficiente para que se passe uma vida inteira sem precisar compartilhar nada com ninguém,o meio interno dos solitários é exatamente igual ao dos sedentos pelo contato com o outro.O contato consigo mesmo traz coisas muito mais importantes do que a perda de tempo com conversa carregada de frivolidades;o auto conhecimento se atinge através da análise interior contínua,em silêncio.

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  2. DEPOIS DO TEXTO LINDO PENSEI EM COMENTAR LI O COMENTÁRIO DO ANONIMO E MUDEI DE IDÉIA E ESTOU CURIOSA PARA SABER QUEM É ESSA PESSOA COM COMENTÁRIOS "TÃO DIFERENTES E PROFUNDOS" QUE SE IDENTIFICA COMO ANONIMO???......

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Status: Psicólogo

Ao psicólogo não é dado o martelo dos juízes, as prerrogativas dos promotores, nem o bisturi dos cirurgiões, somos pequenos clínicos ...