sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Um dia por vez - 28/01/10 - Agonia


O dia não passa, as horas se arrastam e nem o corre-corre do trabalho e a vida agitada do cotidiano são capazes de me envolver completamente. A sensação que tenho é que posso explodir a qualquer momento, sem aviso prévio, e sabe-se lá que tipo de “substância” sairá de dentro de mim nesse momento. Eu ainda não sei dizer...

Tento escrever para ver se coloco um pouco disso pra fora, mas não consigo. Procuro assuntos interessantes, busco em todos os meios de comunicação acontecimentos da atualidade pra ver se me dá um “click”, tento achar as músicas que mais me tocam para desenvolver algo em cima delas, mas tudo em vão, pois nada me vem. A inspiração me falta e isso me causa uma enorme ansiedade e, de repente, percebo-me totalmente envolta pela agonia.

Agonia por não ter controle sobre mim mesma, de saber e conhecer as armadilhas da minha mente e nada poder fazer. Fico observando, vendo isso nitidamente acontecer comigo e reconheço todo e qualquer movimento do meu pensamento e, então, sinto-me totalmente aprisionada. Quanto mais quero não pensar, mais meu pensamento me atormenta, foge ao meu controle. E eu penso, penso, penso... constante e insistentemente.

Sou um ser aspirante de liberdade em todos os campos da vida. Meu lema é ser livre e procuro viver sempre desta forma. Mas nunca imaginei que meu poder de aprisionar, amarrar, envolver fosse tão grande, pois posso senti-lo neste momento em minha própria pele. O feitiço vira contra o próprio feiticeiro. Quando a coisa é você com você mesmo, não há escapatórias, pois tudo se torna muito grande, ao mesmo tempo que delicado e verdadeiro.

De repente, bate um medo, aquele que te paralisa. Medo de se permitir vivenciar o novo há tanto esperado. Sou agora um estranho no ninho, sentindo a toda força minha impotência e fraqueza interior tamanha, que toma conta de tudo que eu sou. Ao mesmo tempo que tudo pára, a agitação interna é constante, incansável e eloqüente. Estou presa por algemas que têm suas chaves perdidas. Onde encontrá-las?

Qual será a saída para a total libertação dessa agonia? Concretizar o que berra o pensamento? Sofrer, sentir a fundo essa agonia para, enfim, curá-la? Ou ainda tentar esquecer o pensamento? Esquecer... Como? Onde estão as respostas que tanto procuro?

Hoje, num mural, li aquela tão conhecida frase que diz mais ou menos assim: “quando a gente pensa que encontrou todas as respostas, vem a vida e muda todas as perguntas”. Realmente, o universo está sempre ali pra te trazer algo. Na verdade, não era exatamente essa frase que eu gostaria de ter lido hoje, mas... Ele sempre sabe o que faz e o que nos diz.

Talvez, o início da cura (porque é doentio pra mim esse processo!) seja interiorizar de vez que algumas coisas fogem ao nosso controle e também à nossa razão. As emoções falam sempre mais alto em mim, de mim, pra mim. Seres dominadores como eu, sofrem quando se sentem envolvidos dessa forma, inesperada, intensa, mesmo sabendo que já está na dança.

Suspiros, suspiros e mais suspiros! Nenhum deles traz o ar que supra por inteiro o meu corpo, que alivie finalmente a minha alma, que traga alento ao meu coração e controla minha mente, meus pensamentos.

Agonia! Confusão mental! Negação do óbvio que toma conta do meu ser, cada pedacinho dele. Um sentimento que devasta todos os meus conceitos há tanto tão bem elaborados, definidos e construídos e que, sorrateiramente, faz tudo isso ir desmoronando, lento e tortuosamente.

A mim só resta assistir a esse desmoronamento (ou seria nova construção?), observar de camarote o meu movimento, este que a vida insiste em me impor a todo momento. Ter serenidade, paciência e discernimento para não me deixar levar pelo mar de emoções confusas e efusivas que tomam conta de mim. E essa maré sobe, quase imperceptivelmente, e vai tomando conta de tudo que ainda é desconhecido.

Agonia! Sentimento que anseia minha observação permanente para que minha tão comum impulsividade não estrague o que há de belo. Quem saber poderia ser ainda mais belo se eu me permitisse ousar mais?...

“A vida é cheia de surpresas!” – não me canso de repetir. Mas algumas delas são tão eloqüentes que nos tiram de centro e abalam nossas estruturas definitivamente. Só posso, então, respirar longa e profundamente, repetidas vezes e tentar buscar dentro de mim a força maior que me trará as respostas que tanto preciso e, conseqüentemente, a paz de coração que tanto anseio nesse dia.

2 comentários:

  1. Conflitos,a busca pela melhor escolha e a dúvida atroz que produz ansiedade.O pensamento não pára avaliando com a razão se o bem,ou o mal.O sentimento não pára, provocando ìmpetos que logo são inibidos ;gerando a força de um vulcão próximo da erupção,e tome agonia.O ar que falta,o sentimento que sobra,o conflito que sufoca,os suspiros, os valores,o tempo,a vida que vai,a impermanência das coisas,o quanto é difícil administrar a paixão.Viva o desejo de viver,isto não é fácil.

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  2. TAÍZA, QUANDO AS PROVAÇÕES E AS INCOMPREENSÕES AO TEU REDOR CHEGAM INESPERADAMENTE NÃO TE ESQUEÇAS DE QUE NAS MESMAS FERIDAS EM QUE AS INQUIETAÇÕES SE DIFUNDEM, ENCONTRAM AS MELHORES ENERGIAS CRIATIVAS E SE ABRE UM CAMINHO QUE PASSA DA DÚVIDA PARA A CONFIANÇA E A SABEDORIA. VOCÊ É MUITO ESPECIAL, UM BEIJO BEM CARINHOSO DE GIULIANA

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Status: Psicólogo

Ao psicólogo não é dado o martelo dos juízes, as prerrogativas dos promotores, nem o bisturi dos cirurgiões, somos pequenos clínicos ...