domingo, 13 de dezembro de 2009

Um dia por vez - 13/12/2009 - Cirurgia Plástica



No dia 04/12/2009 me submeti à minha primeira cirurgia plástica e estou querendo escrever este texto desde antes disso. Foi até bom não ter escrito, porque agora posso descrever o antes, durante e depois.

Sou uma pessoa que tem verdadeiro pânico de cair na faca. Nunca imaginei que um dia fosse me submeter a uma cirurgia plástica de bom grado, mesmo quando me encontrava obesa. Vaidade nunca foi meu forte. Corpo pra mim sempre foi mesmo apenas uma morada. E eu não sou um tipo de mulher muito voltada para casa, portanto...

Meus filhos nasceram de cesárea, mas porque já que entraram ali, tinham que sair de algum jeito e eu não tinha dilatações. O tormento dos meus períodos de gravidez, era justamente a hora do parto. Sempre o medo acompanhando, a mente fértil apavorando ainda mais, pavor de sentir dor, o cheiro de um centro cirúrgico... tudo junto com muitas orações fervorosérrimas.

Mas, depois de cinqüenta quilos emagrecidos e três filhos, senti uma enorme necessidade de dar uma melhorada no visual que, aos meus olhos, estava muito, muito ruim mesmo. Eram defeitos que só eu via, pois com o uso constante do modelador, as pessoas mal percebiam. Digamos que esse procedimento, a cirurgia plástica, tenha sido o meu “quarto parto”.

Eu pensava: “hoje é tão comum plástica, lipoaspiração, bioplastia... o povo sofre, reclama de dor, mas pouco tempo depois estão lá inventando mais alguma coisinha a corrigir. Isso é sinal que não é tão ruim assim!” E lá fui eu.

Primeiramente, visita aos melhores médicos da cidade. Passei por quatro. A conversa do momento passa a ser isso: quem fez, quem não fez, o que fez, com quem fez, onde ficou, como se sentiu... essa troca de figurinhas tão comum entre a mulherada. Até os homens estavam optando pelo tamanho do silicone que eu deveria colocar. Chegava a ser divertido. Ouvi cada coisa!!!

Depois do médico escolhido, hora de exames e vacinas. No meu caso, devido à redução de estômago, ainda tive que ser acompanhada por uma hematologista. Essa me passou um mês de soro na veia com ferro e fez coleta de sangue para alguma eventualidade. Mais médicos, clínicas, horários marcados.

A minha vida virou um auê, porque eu não trabalhava direito por causa de tantos compromissos médicos. Quando eu começava a raciocinar, o alarme tocava: faltava meia hora para o meu compromisso. E lá se vai o raciocínio e o meu tempo. Como tudo era por uma boa causa, mesmo que apavorante pra mim, vamos tocando em frente.

Tudo planejado, milimetricamente cronometrado para que tudo saia da melhor maneira. A primeira providência foi esperar vencer o plano da academia e recorrer ao psiquiatra pra trabalhar minha ansiedade, tentar mantê-la num nível suportável para mim.

Para atrapalhar, aparecem alguns compromissos: um show que você esperou o ano inteiro, o casamento de um membro de uma família pra lá de especial, acompanhado de um convite lisonjeador por se tratar de uma festa para 100 pessoas, proximidade das festas de fim de ano... tudo passou pela cabeça. Mas a minha ansiedade venceu. Ou eu resolvia isso logo, ou ia parar no hospital quase que diariamente.

Já vou avisar: nenhum médico faz tão mal pra sua auto-estima como o cirurgião plástico. Ele pega em você com um desprezo, uma indiferença tão grande que faz você se sentir a própria massa de pão de queijo. Apalpa daqui, apalpa de lá... E a sessão de fotos? Aquilo é realmente necessário? Eles te dão antes uma calcinha que perde léguas para a folhinha da Eva, do Adão. E quando você é grande, assim como eu, é um espetáculo, porque aquela infame calcinha de TNT não tampa nada. Depois do mico pago, calcinha no corpo, hora dos flashes. Frente, lado, costas, perfil, em cima, embaixo. Você pensa que acabou? Lógico que não. Com a modernidade, ele descarrega as fotos no computador pra você ver se ficaram boas. “Nossa, doutor! Espetáculo, heim?”

Daí, sabe todos aqueles partos? Mala arrumada, os outros filhos em casa organizados, trabalho dado à família inteira e à alguns amigos, acesso remoto no trabalho já resolvido... todas as medidas necessárias para que eu tenha alguns dias de paz, sem o menor stress. Todo mundo quer ajudar um pouco, seja pra fazer companhia, seja pra dormir comigo, seja pra ficar com os meninos. Todos ansiosos pela grande novidade. Essa é a parte boa, porque você percebe ali todo o carinho das pessoas com você, para que você se sinta sempre melhor. E você se sente querida de verdade.

Só que na saída do hospital, cadê o menino??? Eu, como das outras vezes, entrei com a barriga grande, saí encurvadinha, com cuidado, mas sem menino? Sem recompensa nenhuma? Nem as pelancas que eu tirei o médico me deu pra eu renovar os tamboretes de casa?! Como assim? (Risos!)

Como nos partos, seu peito também fica imenso. Só que não estão cheios de leite, é silicone mesmo – 250 ml de cada lado. Isso pesa!!! E dói!!! As pessoas, tão benevolentes sempre, dizem: “Taiza, tá lindo!!! Vai desinchar! Vai cair no lugar!...” Então você entende que o que você está vendo é real, não é ilusão de ótica ou piração da sua cabeça. As pessoas também estão vendo, só não falam pra você porque não tem mais jeito. A cáca já está feita.

Ah! Detalhe: o silicone é importado vem com Certificado de Garantia para você guardar. Ou seja, assim como qualquer eletrônico, ele pode dar defeito, estourar, colar no lugar errado... O que mais pode acontecer com um silicone, heim? Esqueci de perguntar! Vai ver eles dão esse certificado pra trabalhar com o seu subconsciente, pra você ter aquela sensação que adquiriu uma jóia, que também vem certificando a qualidade do ouro, atestando que você comprou algo duradouro e de verdade.

E a barriga? Você tira aquela barriga que tanto lhe incomodava, aquele excesso de pele, achando que você vai ficar com aquela barriguinha sarada, linda! Tudo mentira!!! Você troca as pelancas por uma imensa cicatriz. No meu caso, fizeram uma âncora. Tudo bem. Há muito tempo eu estava mesmo querendo fazer uma tatuagem.

O pós operatório é um terror. Não pelas dores, que quase não senti. Mas tudo começa com o Pingo. Esse é o nome que dei ao dreno, ou melhor, aos dois drenos – um para a mama e outro pro abdômen. Eu me sentia como se fosse um cego com seus dois cães labradores. Qualquer lugar que eu fosse (qualquer mesmo) eu tinha que segurar suas coleirinhas e levar meus Pingos juntos comigo, grandes companheiros. Na saída do hospital, me tiraram um deles. Vai ver tinha “outro cego” precisando. Mas o outro foi comigo pra casa. Mais alguns dias e eu não o devolveria mais para o hospital, afinal a gente cria um vínculo com a coisa, né?

Então você vai pra casa e pensa: “Em casa tudo é melhor!” Leso engano! Você se torna prisioneira dentro da sua própria casa. Não pode ir pra lugar nenhum, tem que ficar naquela posição o tempo todo, é obrigada a ser ajudada em tudo que vai fazer. E sabe aquela pessoa querida, cheia de pessoas pra ajudar, tão amada? Em dois tempos se torna a teimosa, a petulante, a abusada, a mal agradecida.

Não é uma questão de ingratidão. Muito pelo contrário, porque é realmente muito bom e confortante ter alguém por perto pra te ajudar ou mesmo te fazer companhia. Sou imensamente grata a todas as pessoas que ficaram comigo, dormiram comigo, me visitam, me ligam, me mandam mensagens pra saber como estou, que me carregam pra fazer as drenagens linfáticas. Mas ajudar quando é preciso, sabe? As pessoas não sabem entender que a gente não está doente, nem inválido. Apenas fez uma cirurgia!

Aliás, com exatamente uma semana eu fui ao salão. Fui lavar minha cabeça, arrumar meu cabelo, pintar minhas unhas, porque ninguém merece se olhar no espelho com dois air bags tamanho gigante, uma tatuagem de âncora enorme na barriga e ainda a cara amassada e o cabelo ensebado. Ah nem! Pro que tem recurso, a gente dá jeito.

É!!! É uma novela, daquelas tipo mexicanas. Mas estou confiante que valerá a pena. Já estou até me preparando para meu “quinto parto” que deve acontecer lá por meados do ano que vem. Aproveitar os remedinhos de ansiedade, já que tenho que tomá-los por um ano. Nesse meio tempo, a gente consegue fazer mais alguns remendos.

4 comentários:

  1. kkkkkkkkkkkkkkk.....
    Sabe, replica??Vou fazer do seu texto!!!kkkkkk...
    Gente, tirando umas verdades e outras o resto é tudoooo é invenção da linda e morena cabeçinha dela!rsrsrs...
    Mas, preocupem não amigos vou reescrever o texto dela e contar tudinho direitim como foi! Brincadeira, foi ela que sentiu tudo na pele, literalmente, portanto ela que sabe as dores e delícias de sua cirurgia!
    mas, que ficou lindooo!! Ah ficou!!!
    Beijos...

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  2. Taiza,

    Vou ser sincera, dei boas gargalhadas com seu texto!!!hehehee
    Não apareci até hoje, mas tenho te acompanhado em preces e notícias pela Aline.
    Vou acreditar na Aline, ela disse que ficou lindo, então o sacrifício tá valendo!!!
    Beijos

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  3. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk, só vc mesmo bicha feia pra fazer a gente rir tanto até com sua "situação cirúrgica", mas tenho certeza que ficou mais bonita ainda..... e todo sacrfício tem sua recompensa...... semana que vem tô aí e vou te ver...
    bjo grande... saudades

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  4. TAÍZA, REALMENTE AMIGA VOCÊ CONSEGUIU TRANSFORMAR SUA CIRURGIA EM UMA COMÉDIA, FICOU MUITO ENGRAÇADO ESTE TEXTO MAS, O IMPORTANTE É QUE O PIOR JÁ PASSOU E VOCÊ ESTÁ MAIS LINDA!!! BEIJOS

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Status: Psicólogo

Ao psicólogo não é dado o martelo dos juízes, as prerrogativas dos promotores, nem o bisturi dos cirurgiões, somos pequenos clínicos ...