quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Um dia por vez - 21/10/09 - Distração



Ninguém é melhor pra falar da gente do que nossa própria mãe. Elas sempre sabem quando você está triste, feliz, mentindo, escondendo alguma coisa... e sabem te descrever melhor que ninguém, não esquecendo nenhuma virtude, e nem defeitos, claro.

A minha mãe é uma figura! E tem um jeitinho muito especial de me dizer as coisas... Rindo! Pode? Ela passa o dia inteiro rindo de mim!?! Só porque eu sou um pouquinho (quase nada!) desatenta. Ou porque não sou muito detalhista.

Ela mora fora e está por aqui esses dias, me dando uma força e confesso que estou sendo obrigada a me deparar comigo mesma de uma forma assustadora. Eu sou mesmo essa palhaça que a faz ter crises de riso??? Tenho que assumir que sim, pois ela me prova que eu estou “viajando na maionese” (termo que ela usa toda hora) o tempo todo.

Sabe aquela pessoa que é ótima fisionomista, não esquece um rosto por nada neste mundo, mas não consegue se lembrar o nome, nem sabe onde conheceu? Ou pior: troca o nome das pessoas e fica chamando a pessoa pelo nome errado um milhão de vezes? Às vezes, as pessoas até corrigem: “Meu nome não é Cláudia. É Sebastiana.” (Algo assim, sempre bastante parecido). E eu continuo chamando-a pelo nome que meu querido cérebro gravou, nem que seja pra corrigir imediatamente. E se eu a encontrar amanhã, não tenha dúvidas que eu vou cumprimentá-la sorridentemente: “Oi, Cláudia! Que prazer revê-la de novo!”

E eu sou “chegada”, sabe? Eu não obedeço algumas regras de relacionamento quando eu converso com alguém como, por exemplo, ter uma conversa e uma postura mais formal quando se conversa com um médico, ou um político renomado, ou um artista televisivo. Pra mim, estou conversando com uma amiga (sente que é uma coisa bem íntima e descontraída, né?). E aí, nesses momentos, tudo fica muito mais evidente. "Seria cômico, se não fosse trágico!"

Esses dias eu conheci (conheci mesmo, gente. Eu juro!) um casal, os quais foram padrinhos do meu casamento. É um casal da idade dos meus pais, muito simpáticos, sogros de um grande amigo (que inclusive comenta muito sobre eles), mas que eu... não lembrava! Poxa! Eles eram amigos dos meus pais, os quais fizeram o convite para me apadrinhar no “grande dia”. O terrível é aquela sensação da pessoa saber seu nome, onde mora, quantos filhos você tem, filha de quem você é... e você acaba de conhecer a pessoa! Aí, você fica ali, olhando com aquela cara, de sorrisinho amarelo, fazendo sim com a cabeça bem lentamente, tentando buscar no mais fundo da memória qual foi a parte que você perdeu. Que situação! Quando terminamos de conversar, eu viro pra minha mãe e digo: “Ai, que vergonha! A senhora chamando o homem o tempo todo de Lemos e o cara chama Braguinha!” – criticando, lógico. Ela me responde, às gargalhadas: “Você tá doida, menina! Esse é o Lemos mesmo, marido da Glorinha, amigo do seu pai de tal, tal e tal época. Braguinha é de outra cidade, amigo do seu pai de infância e a mulher dele se chama Marlene.” E dá-lhe gargalhada!

E contar as coisas pra mim? Não há ninguém melhor pra você contar seus segredos do que eu. Aliás, você pode me contar em detalhes, muito mais de uma vez. Só não faça comentários a respeito depois, porque você pode estar prestes a ouvir um: “O que? Não estou sabendo disso não! Que dia? Me conta como foi? (toda animadinha)”.

Outra coisa que minha mãe diz é que eu conto casos meus para os outros com tamanha riqueza de detalhes, e ela fica olhando pra mim e sei lá o que se passa naquela hora na cabecinha dela. Depois, num segundo momento, ela diz: “Você não existe, minha filha. Isso aconteceu com o seu irmão, não foi com você!” Ai, gente! Eu não acredito nisso até hoje. Eu até revejo a cena! E era eu que estava lá.

Tem uma que é a maior vergonha da minha vida até hoje. Agora até procuro ficar mais atenta, porque não tem condições de ser feliz assim. Uma grande amiga fez aniversário e eu dei um porta-batom pra ela. No outro ano, outro aniversário, eu dei pra ela outro porta-batom. E ela nem é uma pessoa que usa vários tipos de batom ou que troca de bolsa toda hora. Terceiro ano consecutivo, adivinhe qual foi o presente? Um porta-batom, claro, mas desta vez de cor diferente dos outros dois anos anteriores. Vai ver tinha acabado o marrom na loja aquele ano! E ela, muito delicadamente, com um jeito meigo que só ela tem, olhou carinhosamente pra mim (eu disse “carinhosamente” e não “piedosamente”) e disse: “Amiga, eu vou te dizer uma coisa, mas eu não quero que você me leve a mal. Você já me deu um porta-batom ano passado e no retrasado também. Olha! Adorei o presente, viu? Mas é que se eu não te disser, ano que vem até já sei o que vou ganhar. E eu adoro surpresas!” Meu Deus! Que vergonha! Aí, a única saída era rir de mim mesma. Fazer o que?

Isso sem contar as inúmeras vezes que eu conto a mesma história para a mesma pessoa, que loco filme repetido pra assistir zilhões de vezes, que compro livro repetido... (Já achei uns três títulos na prateleira.) E olhar a pessoa na rua e não ver? Vish! Já perdi as contas!

Gente, mas eu não faço por mal, prometo. Eu até já contratei a mesma secretária do lar por duas vezes, mas só descobri porque ela foi embora da primeira vez, quando ela fugiu pela segunda vez. Muitas vezes fico mexendo o café com a colherinha um tempão e só quando coloco na boca, percebo que esqueci de colocar o açúcar. Mas e daí, gente!? Acontece, oras!

Portanto, se um dia eu trocar seu nome, repetir uma história, não ouvir o que você estar falando, não te ver na rua (mesmo estando ao seu lado), me perdoe. É que esse é um jeitinho de ser que me é peculiar. Será que tem cura?

Ainda bem que tenho muitos amigos e familiares generosos, que apesar de todos os pesares, me amam (ou me suportam) e relevam esses pequenos detalhes.

Como tudo na vida tem o lado bom, sendo desse jeito, na minha vida “cada momento é um flash”, todo momento é uma grande novidade, cada dia é um novo dia e estou sempre pronta a novas aventuras. O mais importante é ter senso crítico e perceber quem você é (mesmo que te contem) e, acima de tudo, viver bem e feliz consigo mesma. E não se esqueça de divertir-se!

2 comentários:

  1. Só mesmo vc!!!!
    Sorrisos, dei altas risadas, por aqui, a minha mãe ali ao lado n deve estar entendendo nada haha
    Tdo bem sendo todas da mesma família tem perdão, depois eu conto p ela ( se eu lembrar , é claro ) haha a propósito eu sou a Cá sua prima , lembra??? Bjss eu te amo

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  2. Essa coisa de sair trombando em tudo é muito peculiar a você.A gente ri muito de tudo isso,atenção sem foco{DDA}é uma coisa genética.Adoro as cores das pessoas...algumas são verdes,outras amarelas,outras azuis???

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Status: Psicólogo

Ao psicólogo não é dado o martelo dos juízes, as prerrogativas dos promotores, nem o bisturi dos cirurgiões, somos pequenos clínicos ...